segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As aventuras de Leão #4 - Pobres estagiárias

Antes de começar a ler esse texto, você precisa estar consciente de que sou uma estagiária. Assim como reza a lenda da internet, estagiários sofrem. Não que eu precise pegar cafezinho pro meu chefe, mas acredite: minha função no Universo é ridíc..  um pouco menos do que eu planejava quando comecei a faculdade.

Na minha posição plebeia na hierarquia da empresa, fico sabendo das coisas só quando apuro os ouvidos. Às vezes saio da minha sala com o pretexto de beber água, mas na verdade só quero dar uma olhada no lado de fora. O lugar aqui é bem interessante... Gente com idade para ser meus pais tem intriguinhas de criança e choram por besteira.
Existem cinco pessoas jovens no setor: quatro estagiárias e uma aprendiz. A aprendiz pertence ao lado de fora e não tem muito contato com a gente, de modo que sobram as tais estagiárias - duas da manhã, duas da tarde.

Na semana passada um dos senhores do lado de fora entrou em nossa sala e ofereceu ingressos de um tal concerto. Ele tinha 20 ingressos e mais da metade da lista já estava cheia. Tirei meus fones de ouvido e olhei suplicando ao homem para que ele também oferecesse a mim, pois meu chefe não poderia comparecer. 

O jornalista ofereceu e rapidamente eu e a outra estagiária aceitamos.

Cavalo dado não se olha os dentes, é claro...
Mas aquele cavalo era um puro sangue.



Tudo muito lindo, tudo muito belo.

Chegou o dia do concerto. Eu e a outra estagiária combinamos com que roupa iríamos, pois era um evento caro e nós (pobres) plebeias. Decidimos que iríamos "ajeitadinhas". Camisa e polo resolveriam a questão, não é mesmo? Os nobres precisavam entender que tínhamos acordado cedo, ido pra faculdade, trabalhado, enfrentado o transporte coletivo... E ainda tivemos que andar pelo meio da Cracolândia para chegar ao tal lugar.
Graças aos deuses um dos jornalistas senior do setor resolveu nos acompanhar. Fomos de metrô, descemos na Luz e fomos andando até a Sala São Paulo. O cara estava bem mais animado que a gente. Falou sobre a ópera, sobre o violinista, sobre tudo... Chegamos ao local e demos a volta no quarteirão, procurando a porta de entrada.

Ah: estava chovendo.

Quando finalmente encontramos uma abertura na construção, um funcionário nos disse que já tínhamos passado a entrada. Tudo bem, tudo bem... Começamos a voltar, sentindo os olhos dos zumbis do crack em nossas costas.
As portas estavam fechadas. Me aproximei do vidro e não vi ninguém lá dentro. Mas tudo bem... Tínhamos os convites na mochila. A data estava certa e nós estávamos 30 minutos adiantados... Talvez tivéssemos errado a entrada.

Vimos que vários carros estavam entrando no estacionamento do local. Vamos por ali, oras. Pois assim fizemos. Fechamos o guarda-chuva, colocamos dentro de uma sacolinha de mercado e o enfiamos na mochila. Guarda-chuva é uma coisa muito pobre para tais eventos.
Ok, a galera chegando de carro, senhoras classudas de vestidos e maquiagens fortes... Estamos no lugar certo. Estávamos, de fato.

Nos aproximamos de uma entrada e perguntamos a um funcionário por onde deveríamos entrar... E o homem vira pra gente e diz: hoje não tem espetáculo nenhum.
Parte de mim quis rir, mas me contive. O funcionário disse que ia chamar alguém da produção.
Nesse mesmo instante o jornalista senior que estava com a gente sacou o celular e começou a ligar para o resto dos jornalistas, avisando que o evento tinha molhado. A senhora classuda ao nosso lado começou a resmungar e o marido dela apenas concordava.
Minutos depois uma funcionária veio falar com a gente e disse que o evento estava cancelado há meses. A velha classuda começou a fazer um barraco de rico e o jornalista senior mandou o resto dos jornalistas voltarem pra casa.

Resumo da ópera: fomos pra casa rindo pra não chorar.

E hoje aprendemos que esse tipo de coisa não acontece com estagiário - muito menos com os de jornalismo.




3 comentários:

  1. Eu entro no seu blog todo dia pra ver se vc escreveu alguma coisa nova e nunca consegui entender porque aqui tem tao poucos comentários .. vc escreve muito bem!

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    1. Cara <3
      Esse tipo de comentário vale bem mais do que se eu tivesse um milhão de outros "uow, que blog legal. Dá uma olhada no meu tbm. Bjs"

      De verdade, muito obrigada <3
      Vou até começar a escrever mais depois dessa

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