domingo, 22 de dezembro de 2013

Motor 1.8


E aqui estou eu com 18 anos nas costas. Isso não parece... certo. Não me sinto com essa idade (bem como não me sentia com 17, 16, 15, 14...). Não gosto da ideia de ser maior de idade. Não me sinto confortável.
Me lembro de fazer planos quando eu tinha uns 14 anos. pensava nos 18 como algo incrivelmente legal. Eu pensava em comemorar num barzinho, chamar os amigos, os colegas... Beber até cair. Haha... Ingênua.
Eu sou sempre a mais nova dos meus grupos de amigos. Era a mais nova do ensino fundamental, do médio, da faculdade, do curso de inglês, da natação (quando eu fazia, há anos).
Me acostumei a estar com os mais velhos, mas não a ser um deles. E aqui estou eu, com idade suficiente para ser presa.
Não faz sentido... Continuo gostando de ler livros infanto-juvenis e de ver animações da Disney. Se bem que vejo gente de 20 fazendo criancices que espero de crianças de nove.
Esses dias fiz um teste da idade que estava passando pelo facebook. Meu resultado foi 45 anos. Não duvido que seja a idade do meu cérebro. Talvez mais, não sei.
Minha mãe está frustrada com meu desânimo. Ela era festeira quando tinha minha idade. Está toda serelepe porque estou fazendo 18. E eu? Eu não estou nem aí.
Pra falar a verdade, minha vontade era sentar num lugar bem alto (gosto de lugares altos) com uma garrafa de vinho barato. Aqueles de tipo... 5 reais, garrafa de plástico. Aquele que você nem precisa de saca-rolha, porque a tampa é de rosquear.
No ano passado passei meu aniversário num aeroporto. Cercada de gente, mas, de certa forma, sozinha. A solidão é um vício. É um tipo de doença que você simplesmente aceita. Quando alguém vem com a cura, acaba levando a pior.
Existem momentos que são só seus e de mais ninguém. Não há razão para comemorar bobeira. 

Maas, mesmo assim... Tem três garrafas de refrigerante na geladeira, um porte de salada de maionese e uns dias atrás minha mãe comprou umas barcaças. Suspeito, não? Acabei de perguntar pra ela quem ia trazer o bolo pra minha festa surpresa hoje. Ela me chamou de estraga prazeres. UHEUHEUHEUHE 

Ps: sempre descubro as surpresas. 
Ps2: odeio surpresas. 

Hoje fizemos progresso.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Status: Esperando a orelha da minha filha chegar por correio


Existem duas coisas que odeio em São Paulo: trânsito e a falta de segurança.

Domingo estava eu e minha amiga andando por aí lá pelas 9 da noite. Ok, não é um horário muito bom, mas não podemos nos trancar em casa como se fosse toque de recolher. Evitar, mas não proibir.
Eis que aparece uma moça andando na nossa direção. Parou a gente e disse: “Olha, cuidado porque ta tendo assalto lá na frente. Meu amigo acabou de ser assaltado ali... Cuidado”.
A menina saiu andando de boa, como se nada tivesse acontecido. Minha amiga me olhou e disse que deveríamos atravessar para o outro lado. Eu disse que não. Virei minha mochila pra frente, tirei o cartão do banco da carteira e o cartão de memória da câmera. Guardei os dois no bolso. Em seguida já deixei a mão dentro do bolso, segurando minha faca.
Sim, eu carrego uma faca na mochila o tempo todo. Nunca se sabe, né?
Continuamos andando, mas nada aconteceu.
Minha teoria é que a mulher trabalhava com os tais bandidos. Os caras, por sua vez, estavam do outro lado. A menina andava do lado oposto para atrair possíveis vítimas para a armadilha.
Penso isso porque a moça estava na maior paz. Quem vê o amigo ser assaltado e ta andando na boa no meio da escuridão? Ok, somos paulistanos, acostumados com assaltos e tal... mas não vamos forçar, né?


Hoje (sexta) eu estava almoçando, feliz e serelepe quando tocou o telefone. Vou escrever mais ou menos o diálogo:

- Mããeee! Mãe! Eu tava andando na rua e uns caras me assaltaram e agora eu to com eles aqui...

Nesse momento eu já tinha entendido que se tratava de um daqueles golpes bestas em que dois ladrões metem o louco e enganam velhinhas inocentes que atendem o telefone. Ah, lembrando que eu não sou mãe de ninguém. 

- Filha! O que aconteceu?? Você ta bem?
- ~choro~
- Filha! Fala comigo!! (sou uma ótima atriz. HUEHE)

Aí um cara pegou o telefone da mão da mulher (note: a mulher deveria ser mais velha que eu).

- Senhora! To com sua filha aqui!
- Ai meu Deeus! (eu segurando o riso)
(dessa parte em diante gravei o áudio)
- A senhora vai ter que pagar pra ver ela outra vez!
- Mas eu não tenho dinheiro... (o que é verdade)
- Ou paga ou a gente mata ela!!!
- Mas eu não tenho dinheiro!
- Quer que eu mate?? Eu mato!
- Ah, então mata. (gargalhando por dentro)
- Eu não to brincando não, senhora!!
- Falei pra essa menina não andar na rua! Pode matar!

O telefone voltou pras mãos da minha “filha”.

- Mãeee!! (aos berros)
- Menina! Te falei pra não andar por essas bandas! Agora eu tenho que pagar, mas como não tenho dinheiro, vão te matar!
- *choro compulsivo*

O telefone voltou pro “sequestrador”

- O senhora quer que mate??
- Quero
- Tem certeza?
- Tenho
- A sua filha, senhora! Seu bem mais precioso...
- Eu falei pra ela não andar por aí. Agora pode matar.
- Vou mataaar!!
- Mata, mata mesmo! Ah, me manda a orelha dela por correio, ok?
- Eu vou matar essa menina!
- Ta bom então. Tchau.

Daí que o cara desligou. Mas gente... Você não têm ideia do quanto eu ri.
Mas é algo interessante. Se você tem realmente uma filha, ficaria preocupado. A voz do cara é puro terror. Eu fiquei tirando com a cara dele porque sou sem noção, claro.
Não façam isso em casa. HEHEUHEH

Bom, minha intenção era enrolar até eles dizerem quanto eu deveria depositar em qual banco, etc e tal. Depois ligaria para a polícia e diria o ocorrido. Mas, pra conseguir isso, eu tinha que enrolar um pouco, fazer mais drama... O problema é que eles ligaram a cobrar, e não sei de onde eles ligaram.
Se eles estavam no Macapá, a conta chegaria absurdamente alta aqui em casa. Eu não vou arriscar pagar os olhos da cara em algo que a polícia não moveria um dedo pra resolver.
Sou meio cismada com polícia. Não acho que ela seja verdadeiramente útil. Nunca prende ninguém, quaaaaaando prende, solta o sujeito na semana seguinte.
Seja como for, pelo menos foi a diversão do dia.


É o que eu digo... O mundo é dos espertos. Você bobeia um instante e já era. Andem sempre com suas facas nos bolsos e o humor nos sequestros falsos. xD

Hoje fizemos progresso.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Andando por ai


Primeira semana de férias, finalmente. Comer, dormir, ler e colocar os seriados em dia. Mas precisamos de progresso. Entre um capítulo e outro, entre um episódio e outro, envio um curriculum ou outro.
Não gosto da linha azul do metrô. Não sei bem a razão. Tem gente estranha naquela linha. Por conta dos hospitais, metade das pessoas dentro do vagão está doente. Não gosto, acabou. Mas, mesmo assim, ali estava eu às 9 da manhã respirando pelo nariz para tentar filtrar o ar e quase desmaiando com o péssimo cheiro de um ou outro infeliz.
Essa é uma das coisas que me deixam louca. Aprecio sentir cheiros e não consigo ignorá-los. Quando gosto de algum perfume, tenho vontade de enterrar meu nariz no pescoço da pessoa. Quando não gosto... Bem... Tenho vontade de descobrir se o perfume dela era inflamável.
Quando estou no transporte coletivo, caio em uma dúvida cruel. Respirar pelo nariz e morrer sufocada pelo fedor do povo ou respirar pela boca e morrer com as doenças do povo?
Geralmente fico de pé, ao lado da porta. Quando a porta se abre, puxo o máximo de ar possível... Tento não respirar até o próximo ponto (ou estação). Na maioria das vezes não consigo. Maldita velocidade reduzida.
A estação São Bento é ligeiramente confusa. Me perdi algumas vezes lá. Hoje em dia não me perco mais, mas confirmo cinco vezes as placas. Camisa social branca (que eu gosto) e aquelas malditas sapatilhas (que eu odeio).
Não entendo moda. Olho, se gostar, compro. Mas, é claro, as pessoas não pensam como eu. Vivo recebendo presentes que tenho vontade de colocar fogo. Sapatilhas são um exemplo.
E, para completar o arranjo, meu fone de ouvido azul. Eu não escolhi compra-lo. Comprei pela internet, escolhi um fone preto... O que chegou em casa é azul. Mas, acredito que o destino do fone era esse. Ou talvez meu destino fosse ter um fone azul. Há.
Na ida eu tentava não amassar a camisa, tentava não bagunçar o cabelo... Na volta eu soltei a juba, tirei a camisa de dentro da calça e aumentei o volume das músicas. Gosto de andar assim por aí (exceto as sapatilhas. Elas ainda me incomodavam).
E então ali estava eu. Camisa amarrotada, pés doendo (para agradar os outros), cabelo bagunçado e o álbum completo do matanza estourando meus tímpanos. Esta é uma boa definição de mim mesma.


Hoje fizemos progresso.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A foto


Decidi imprimir algumas fotos importantes. Queria fazer um mural com coisas boas para que todo dia eu bata o olho em algo que me lembre que as coisas não são tão ruins.
Primeiro vasculhei as pastas do computador. Achei algumas mais recentes com o pessoal da faculdade e das últimas viagens com meus pais. Abri o Facebook e comecei a vasculhar as fotos antigas... Aquelas que me marcaram, aquelas que eu nunca nem tinha curtido.
Eis que me deparo com uma que... Óh deuses. É uma dessas fotos do ensino médio, com uma bela iluminação, colorida... Mas o melhor são os sorrisos dos envolvidos.
E ali estava eu: no canto da foto, câmera na mão... Eu sempre estou com a câmera. Gosto de eternizar momentos com as fotos. É por isso que gosto de fotografar...
Três anos. É tempo o bastante para olhar para trás e se deprimir? É tempo o bastante para se arrepender? Tenha certeza de que é.
Então volto a olhar para a foto. Estava tudo tão bem naquele dia... Tudo tão... feliz. É claro, era uma felicidade mentirosa. Por trás daqueles sorrisos agradáveis, viviam algumas mentiras feias.
Certa vez, meses antes daquela fotografia, descobri uma dessas mentiras meio que sem querer. Minha curiosidade me faz descobrir coisas que eu não deveria saber. Coisas que eu não sei como lidar.
Eu li algo e permaneci quieta. Hoje me pergunto se deveria ter ficado de boca fechada. Talvez as coisas tivessem tomado outros rumos. Rumos não agradáveis para mim, claro. Cagueta morre cedo, todo mundo sabe.
Mas, ainda assim... Aqueles sorrisos são tão verdadeiros. Aquele momento foi verdadeiro. E então vem aquela vontadezinha de ter 60 segundos roubados do passado... 60 segundos que seriam gastos com um pedido de desculpas sincero.
Vou imprimir essa foto. Essa será diferente. Em vez de me mostrar o quanto foi um momento feliz, vai servir para mostrar o quanto fui idiota. Um tapa na cara todo dia, toda vez que olhar aquela fotografia.

Hoje fizemos progresso

sábado, 14 de dezembro de 2013

Devaneio do nada para lugar nenhum


E aqui estou eu. Compartilhando o horário dos fantasmas. Ouvindo as músicas que eu me proibia de ouvir. Não, não é um poema. É só um texto sendo feito no ritmo dos meus pensamentos.
Sem refletir em gramática, sem evitar repetições. Aqui estou eu, como sempre estive e como sempre estarei. Ouvindo as mesmas óperas velhas sobre histórias dramáticas. Taí. Essa sou eu.
Aceitei muitas coisas ultimamente. Uma delas é que eu sempre vou acabar ouvindo óperas às três da manhã. O copo de vinho acompanha. Vinho barato mesmo. Mas que seja tinto.
Estalo os dedos, sinto os tendões doerem. Me lembro por que doem. Doem porque sou idiota. Doem porque eu deveria parar de ouvir o físico e ouvir a mente. A mente, meus próprios conselhos.
Eu não sei escrever poemas. Até sei, quem não sabe? Mas acho-os bobos. Camões não. Edgar Allan Poe também não. Muito pelo contrário: gosto muito do Sr Poe. Nevermore quoth the raven, certo? Mas não sinto o menor prazer em ler rimas e métricas de metidos a poetas. Me irrita.
Ultimamente me disseram que estou um tanto quanto depressiva. E quem não é? A coisa mais inteligente que falei até hoje é que enquanto maior a ignorância, maior a felicidade. Isso nos leva crer que a felicidade se afasta.
Tenho uma teoria há anos. A teoria de que a felicidade não existe. Nos enganamos. Lemos romances, vemos filmes... Criamos um mundo que não existe e queremos tê-lo como base para nossas vidas. A culpa disso é dos que criam. Nevermore quoth the raven.
O corvo, no final das contas, era a criatura mais brilhante de todas. Nevermore. Nunca mais, disse o corvo. Com apenas uma palavra o bicho consegue ser superior a mim, a você e a todos nós, pobres mortais.
Ando dando umas viajadas nessa coisa do Poe e o Corvo. Primeiro porque andei estudando esse poema. Tenho realmente pesquisado sobre Poe. Segundo porque tenho pensando em fazer uma tatuagem de dois corvos (Hugin e Munin – os corvos de Odin). Eles observam a terra e depois falam para Odin o que aconteceu aqui em midgard.  
Incrível dizer, mas sonhei com corvos ontem – ou seria anteontem? No sonho o corvo me mostrava o caminho para coisas que eu precisava. Segundo aqueles livros de significado de sonhos – tenho um – o corvo representa transformação e iluminação espiritual (?). O que diabos isso significa na minha vida eu não sei.
Corvos são pessimamente vistos na sociedade atual. São pobres coitados. Seu som é associado diretamente a coisas ruins – eu sei, eu já ouvi um corvo de verdade há poucos metros. Não é algo exatamente agradável. – novamente, culpa dos criadores de histórias. Maldito Hitchcock e seus pássaros irritantes usados como trilha sonora. O cara era tão genialmente doido que usava uma coisa irritante como trilha! Brilhantemente assustador.
Perdi completamente o foco do que escrevia. Estou aqui, às 3 da matina escrevendo sobre corvos. Mas afinal, qual era o foco?
Não sei. Parei por aqui. Esse leve devaneio já deu mais de uma página do word. Mas que merda de música é essa que estou ouvindo?! Por que ainda não desliguei o pisca-pisca da árvore de natal? Que coisa mais irritante. Tão feliz, tão alegre. Parece pular de galho em galho como uma maldita pulga colorida. 
Parei minha ópera pra ouvir uma música que alguém postou no facebook. É um lixo. Volto para minha ópera. Nevermore quoth the raven.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Fim do primeiro ano de jornalismo


É, terminou o primeiro ano da faculdade. Me lembro como se fosse ontem quando escrevi um post sobre minha dúvida de cursar Jornalismo ou Medicina.
Bullshit. Faz bem mais que um ano.

Não tenho o perfil para cursar medicina. Talvez um dia tivesse, hoje desandou a coisa toda. Faz um ano que não estudo para uma prova se quer. Sendo honesta, presto atenção em algumas aulas e em outras não. Existem matérias que são um saco, admito. 
Por outro lado, existem outras que são simplesmente mágicas. Você se senta e ouve o que o professor tem a falar como se fosse a história mais legal do mundo sendo contada pela primeira vez na História.

O grande ponto deste primeiro ano foi entender a brisa dos professores. Basicamente, você não tem que decorar nada. Você precisa ENTENDER o que eles estão dizendo. Essa é a dificuldade.
Assim como a matemática, se você não aprender conta de adição, nunca vai conseguir fazer equação de segundo grau.
Na faculdade é a mesma linha de raciocínio. Se você não entende lá na primeira aula o que o professor fala sobre manipulação de fotografias, você nunca vai entender quando ele disser que as árvores não existem de verdade. São apenas uma ilusão criada por nosso senso cultural.

Sim, a coisa segue nessa linha. 

Durante esse ano ainda tive vários momentos em que pensei em fazer Medicina Veterinária. Não abandonar jornalismo, e sim fazer as duas faculdades... Mas claro, não daria muito certo.

Mas enfim... Aí se foi o primeiro ano de jornalismo. 
Não querendo desmerecer, mas já desmerecendo. É um curso fácil (o que é diferente de fraco). Fico indignada sim com quem fica de dp logo no primeiro semestre.
Cara... Saber ler e escrever é bem importante pra estudar jornalismo. 

Não vejo qual é a razão de postar nas redes sociais aquela puta alegria de ter passado pro segundo ano e sem DPs. Primeiro ano... Jornalismo... É sua obrigação não ter dp.
Então não, não cheguei nos meus pais com o sorrisão gritando: PASSSEEEEEI!
Cheguei e disse que tinha passado com notas boas. Apenas. 

Porém, mesmo depois de um ano de faculdade, continuo com a Síndrome do Super Man - que foi apresentada na primeira semana de aula. O professor disse que precisávamos esquecer essa coisa de que, como jornalistas, poderíamos mudar o mundo.

Quando eu estava pensando em que curso fazer, uma frase foi levada em conta.

“Eu ainda acredito que, se seu objetivo é mudar o mundo, o jornalismo é uma arma mais imediatas de curto prazo”. – Tom Stoppard

E aqui estou... 
Apenas indo. Sem nenhuma mudança no mundo, sem nenhum grande feito... Apenas indo.

Hoje fizemos progresso.