terça-feira, 17 de abril de 2012

VI

Me pergunto quantos lerão essas linhas. Um? Dois? Não sei o motivo de estarem lendo isso...
Então este é um aviso à você que gosta de finais felizes: Pare de ler. Desligue seu PC, feche esse livro, amasse essas folhas... Tenha em mente apenas o que eu já lhe contei até agora: Duas amigas dividindo um apartamento, tentando ser heroínas num mundo perdido. Tenha isso em mente. Crie um final... Inspire-se em clichês de filmes... Só não me apareça com finais ao estilo "A Ilha do Medo" ou então "A Origem". 

À você que escolheu essa opção, a de criar um final bonitinho, obrigada por ter lido até aqui. Sério mesmo.


Mas se você gosta de ouvir verdades, prossiga. 




Estava frio lá fora. Cheguei do trabalho, tirei o casaco e o joguei encima do sofá. Mariana estava com o notebook aberto, sentada em sua poltrona e com um cobertor envolvendo-a como uma capa.
Ao contrário do habitual, ela parou de olhar a tela e ficou me encarando alguns instantes. Voltou os olhos para a tela e então disse:
─ Vou precisar da sua ajuda hoje a noite.
─ Qual é o caso?
─ É o que vamos descobrir. Achei um encontro de gente importante... Um grupo seleto vai conversar com o dono da festa. O dono da festa é uma pessoa brilhante. Alguém que controla toda a rede de crimes da cidade e ninguém nem sabe de sua existência.
─ Se ninguém sabe, como você sabe?
─ Não faça perguntas difíceis. Vai ser um jantar de gala, então preciso que você mostre ser a dama que é e acompanhe o Gregório.
─ Quê?! Você não vai?
─ Vou.
─ Então por que eu vou?
─ Porque vocês vão estar lá só pra terem certeza de que se alguma coisa der errado, vocês não vão deixar o tal grupo seleto fugir. Eu vou entrar na casa e ficar lá ouvindo o que vai acontecer. Já avisei o Gregório, ele vai chegar às seis. Aluguei um vestido pra você, sugiro que vá buscar logo. 
Quando eu fui buscar o vestido me impressionei com o bom gosto que Mariana tinha tido. Era exatamente o modelo que eu escolheria naquela loja. Experimentei, fiz alguns ajustes e voltei pra casa com o cabide em mãos. Deixei-o encima da minha cama e fui tomar um banho quente. 
Quando saí ouvi a voz de Gregório na sala. Me vesti rapidamente e fui até a sala. Lá estava Mariana com o notebook aberto, vendo um vídeo de como fazer nós em gravatas. Ela e Gregório discutiam se a volta era para a esquerda ou para a direita.
Ficaram ali alguns segundos até que conseguiram dar o nó. Só então Mariana saiu da frente de Gregório e eu pude ver como o nosso bom e velho amigo estava elegante.
Mariana pegou a mochila e colocou nas costas. Ela estava vestida como sempre: Calça jeans, camiseta e tênis. Pegou a bengala encostada à poltrona.
─ Vamos. ─disse ele─ Aluguei o carro por hora.
Descemos os três e fomos até o tal lugar no carro alugado. Um carro caro para se ter, mas não tão caro para se alugar por uma noite. Estávamos quase chegando quando Mariana pediu que Gregório parasse numa esquina. 
Ela desceu com sua bengala e fez um sinal para que prosseguíssemos. Eu e Gregório paramos em frente a um grande portão. O rapaz se aproximou do vidro e Gregório lhe entregou um papel, o que parecia ser um convite. O rapaz sinalizou para que continuássemos e então paramos o carro e um manobrista estacionou. Nós entramos tensos e ficamos num canto conversando. 
Gregório ia apresentando algumas figuras à distância. Alguns políticos, alguns traficantes, alguns policiais... Aquilo era um problema. Se alguém o reconhecesse... Ficamos isolados de tudo e todos, mas com as orelhas em pé. Gregório ficava com a mão no bolso a maior parte do tempo. Eu sabia que ele estava armado e aquilo me deixava nervosa. 
Não sabíamos exatamente o que esperar... Sabíamos que Mariana estava lá dentro. Uma jornalista com uma bengala era um alvo fácil. Estávamos num covil onde não éramos bem vindos... Aquilo era motivo o suficiente para ficarmos tensos durante cada segundo lá dentro.
O lugar era uma mansão. A festa era no jardim e a casa estava fechada. Havia garçons servindo taças de champanhe e pequenas coisinhas para comer. O gramado era incrivelmente verde e havia algumas palmeiras perto dos muros.
Havia música, gente bem vestida e importante. 
Em certo ponto da “festa” um grupo entrou na casa. Cinco homens. Todos conhecidos por Gregório. Saíram um bom tempo depois. Bom tempo significa duas horas ou mais. Assim que eles entraram em seus carros, eu e Gregório também começamos a nos encaminhar para a saída.
Pegamos nosso carro com o manobrista e fomos até a esquina que Mariana havia nos deixado. Uns dez minutos depois ela veio do meio da escuridão e entrou no carro. Estava ofegante. Gregório acelerou e nós começamos a tomar a direção de casa enquanto ela começava a falar.
─ O cara que comanda tudo isso se chama Jim. Ele é o cara mais inteligente que eu já conheci! Ele... cara! Sem palavras...
─ Inteligente? ─disse Gregório.
─ Ele arma uma hierarquia tão precisa que todo roubo de relojoaria na verdade só pode ser feito se ele autorizar. Jim Pliarto é o nome dele.
─ Nunca ouvi falar.
─ E isso é o mais interessante! Nunca ninguém ouviu falar, mas todos nós vivemos nas mãos dele sem saber. Cada bar, cada camelô, cada mendigo, cada ladrãozinho... Todos obedecem uma pessoa que nem sabem que existe! Não é brilhante? O esquema é simples... Cada um tem um chefe a quem precisa prestar relatórios. Esse chefe tem outro chefe, que por sua vez tem outro chefe... No final dessa pirâmide encontra-se nosso caro Jim Pliarto. Ele tem cinco caras abaixo do escalão dele... Precisamos pegar um a um. Com isso vamos enfraquecer o líder, daí o derrubamos! Mas temos que ser rápidos...
O plano era fácil. Na teoria era só pegarmos cinco caras... Qual a dificuldade disso?! Naquela madrugada Gregório dormiu em nosso sofá e na manhã seguinte eles saíram bem cedo. Encima da mesa da cozinha um bilhete “Por favor, leve as roupas de volta à loja”.
Eu fui trabalhar. Quando cheguei fiz o mesmo trajeto da tarde anterior. Devolvi tudo, voltei pra casa e aproveitei o silêncio para dormir. Fiquei lá até anoitecer.
Ouvi a porta abrir e a luz ascender. Abri os olhos e fiquei vendo algumas manchas. Mariana foi direto pra cozinha e começou a derrubar um monte de coisa. Fui até lá e a vi colocando café num copo e bebendo copo-pós-copo até acabar com que já estava feito. Em seguida colocou a água para fazer uma nova rodada.
─ Estou com muito sono. ─explicou ela.
─ Vá dormir.
─ Não... Não posso. ─ela começou a mexer no armário mais uma vez  
Com a ajuda da bengala ela se ajoelhou no chão e começou a tirar tudo de dentro do armário. Finalmente ela parou e tirou um pote das entranhas de nosso armário. Levantou-se.
─ Me dá cinco minutos.
Ela foi até seu quarto e trancou a porta. ficou lá uns dez minutos... quando voltou pegou o café que estava pronto e começo a beber rapidamente. Olhos bem abertos, e pupilas visivelmente grandes. As mãos tremiam e eu julguei ser fome.
Tirei um pacote de biscoitos da bagunça que ela havia feito e o ofereci.
─ Não quero comer. Quero um... nossa, onde deixei minha bengala?
Ela começou a andar pela casa. Finalmente voltou com a bengala em mãos.
─ Eu estive pensando... Deveríamos fazer parte dos esquemas de corrup... Nossa, que cheiro é esse? A Sra. Marta fez macarrão com molho? Fazem duas semanas que ela não come macarrão. Já notou que ela gosta de frango e nunca faz? Eu acho que a gente deveria dar uma galinha pra ela... Mas ela disse que não poderíamos ter animais quando compramos o apartamento, então ela não gosta de animais.. Mas gosta de frango, talvez ela apreciasse a companhia de um animal que ela gosta do gosto mas nunca come. Acha que deveríamos dar um peixe pra ela? Nossa, preciso ir ao banheiro.
Ela sumiu no corredor.
O que havia acontecido??! Fui até o quarto dela e comecei a procurar o pote que ela tinha tirado do armário. O que tinha lá? Com certeza alguma droga... Com certeza.
─ O que está fazendo no meu quarto? ─disse ela às minhas costas.
─ Eu...
─ Não quero saber. Você não deve mexer nas coisas que não são suas e isso foi ensinado pela sua mãe, tenho certeza. ─ela levou a mão ao peito e respirou fundo─ Rapaz! Preciso ir trabalhar...!
Saiu do quarto, bebeu mais um copo de café, pegou a bengala e a mochila. Abriu a porta e começou a descer as escadas.
─ Onde vai? ─eu a segui.
─ Trabalhar, já disse. Se eu não trabalho não tem dinheiro; sem dinheiro a gente morre porque vivemos num mundo capitalista que só visa o dinheiro e nada mais, nem vidas humanas, e no caso é com isso que estamos lidando, sempre foi, sempre será, sempre vai ser, pessoas são más e nós temos que ser más com elas também, porque sem maldade pessoas não são pessoas e se não são pessoas, o que elas são?
─ Quê?!
─ Exatamente! Não tem resposta! 
─ Você não vai sair nesse estado!
─ Vou sim, sei onde o segundo cara está. Temos que pegar todos os cinco de uma vez, porque se o chefão-mor ver o que estamos fazendo ele vai arrancar nossa cabeça fora e colocar numa bandeja de prata, e não estou fazendo metáforas; eu não quero sua cabeça numa bandeja então você não vai, se você não vai, você fica; se você fica você... Você levou as roupas de volta na loja?
─ Levei, mas...
Ela foi pra rua praticamente correndo e entrou no carro. Saiu com os pneus cantando. Daquela vez eu realmente fiquei preocupada. 
Ela voltou às três da manhã. Abriu a porta e arrastou-se até o sofá. Ouvi seus passos e fui até a sala. Quando ceguei lá a vi tentando se ajeitar no sofá e caindo de costas no chão. Ela caiu e ficou lá. Pelo menos estava respirando. 
Pensei em dar uma bronca, começar com um papo de mãe e filha... Mas ela já estava dormindo quando eu resolvi começar a falar.

Na manhã seguinte ela ainda estava no chão quando cheguei na sala. Eu a acordei com a ponta do pé e ela cerrou os olhos enquanto levantava-se apoiada no sofá.
─ Pegamos dois ontem... Deveríamos ter pegado o terceiro, mas acabou o combustível do carro e o dinheiro. E hoje eu estou um caco...
─ O que diabos aconteceu ontem? O que foi... aquilo?!
Ela bocejou enquanto se levantava. Pôs-se de pé e estirou os braços. 
─ Benzoilmetilecgonina.

6 comentários:

  1. Gabriela que porcaria.
    Como conta o fim assim tão sem graça?
    Não gostei dessa inovação.
    Ah....Ninguem consegue falar esse nome na boa sem ler, Benzoilmetilecgonina???
    Cocaina é mais pratico.
    Garota confusa essa sua personagem véi.
    Agora que já sei que vai morrer olhando a lua....
    Ei aquele outro cara não morreu olhando a lua??
    Gosta de matar gente olhando para a lua né??
    Mas tá bom, ritmo acelerado, tipo novela que não deu ibope, como se tivesse pressa de acabar.
    Poderia acrescentar um romance a trama, envolver mais.
    Está como um resumo.
    Pode melhorar, sei que pode.

    ResponderExcluir
  2. é, eu também achei..
    mas precisava da opinião de pelo menos um.
    valew pela opinião (sério)

    ~problema resolvido~

    ResponderExcluir
  3. Cabou? Serio? Encerra ai? pensei que iria rolar umas mortes citadas, uns tiros pra lá, uns tiros pra cá... acho também que o fim foi meio sem graça... e realmente não parece um fim... dá para emendar aii.... bota ela ´para correr atras dos outros caras....

    ResponderExcluir
  4. Nao acabou ainda. Esse foi o começo do fim.
    Tem mais um cap.

    ResponderExcluir