quinta-feira, 2 de abril de 2015

A diferença entre árvores, pasto e pássaros

Ando por aí sabendo que talvez um dia nos encontremos. Já aconteceu algumas vezes na vida e podem acontecer outras mais. Moramos por perto, frequentamos alguns lugares semelhantes... Cedo ou tarde a gente vai se encontrar (tenho certeza, numa bem melhor –qq).
Essa semana eu tomei um puta susto ao encontrar um casal no metrô. O tal casal era muito parecido com o cara que eu estava falando no parágrafo acima e sua namorada. O casal tinha uma criança de um ano entre eles. A moça tinha minha idade, uma cara meio morta e batom forte. O cara era um pai babão e brincava com o filho de um jeito que captava a atenção de todas as mulheres do vagão. Instinto maternal, dizem.
A brincadeira era simples: O pai perguntava para o bebê onde estava o piolho. O bebê colocava a mão na cabeça de um dos três. O pai fingia que pegava alguma coisa na cabeça indicada e com a ponta dos dedos depositava um piolho-invisível na mão do bebê. O bebê, por sua vez, fechava a mão rapidamente para que o piolho-invisível não fugisse. Foi um deslumbre do futuro. Ele, ela e o bebê. Uma família comum.
Ele segurava uma sacola cheia de tranqueiras, ela levava uma bolsa com coisas do filho e o bebê segurava uma mini-pelúcia da Peppa Pig (aquele porco desenhado pelo Picasso).
E eu ali, observando-os. Eles não podiam me ver, mas eu podia ver os três. Eram felizes naquele mundo, e eu era feliz no meu. Não queria estar sentada ali, não queria aquele bebê... Pra falar a verdade, eu não queria nem estar no metrô lotado, pra começo de conversa.
É exatamente essa a questão. Eu não quero um destino assim. Aqueles três mostravam a estagnação, uma vida presa em um só lugar... Ali nasceram e ali vão morrer. São árvores enquanto eu sou um pássaro. Me perguntaram a razão de querer viajar tanto. É simples: não há nada aqui que eu queira para meu futuro. Preciso esticar as asas ao sol de inverno, sentir os flocos de neve nas minhas penas e respirar outros ares (gelados, de preferência). Ficar parada seria como manter um pássaro preso por uma cerca. É ridículo. Alguns nasceram para pastar, outros são árvores... É claro que posso ficar presa em uma gaiola mais cedo ou mais tarde, mas saiba que nunca será por vontade própria.
Isso é o que justifica tudo. São das coisas pequenas às coisas grandes... É de coisas já feitas e de planos para o futuro. As pessoas se conformam com tão pouco... Não estou falando de dinheiro, vejam bem. É claro que o dinheiro é uma puta ajuda para alcançar muitos objetivos, mas mano... Tem passeios que não gastam nada, mas as pessoas simplesmente não levantam a bunda do sofá. A questão da vida é sair, aprender, ver, se perder... Tenho preguiça de algumas pessoas. A maioria delas, pra ser sincera.

Um comentário:

  1. Fazia muito tempo que eu não passava por aqui.
    Hoje lendo um texto em outro blog, lembrei-me de você quando fez certo dia um comentário sobre acentos que não deveriam existir.
    Resolvi ver se ainda estava mantendo o blog.
    Parabéns pelas vitorias que obteve, que bom que escolheu jornalismo (eu já sabia que faria isso), sempre foi uma garota esperta. rsrs
    Agora falta, e já está passando da hora, o primeiro livro.
    Ah...Desculpe o tom de cobrança, sempre fui assim de cobrar quando vejo a possibilidade que pode ser perdida.
    É bom ver frutos em arvores que plantamos.
    Boa sorte e continuo a desejar sucesso a ti.

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