quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

642 coisas sobre as quais escrever 89-93

Lista completa em: http://goo.gl/9KqNJm
Estou um pouco desanimada com esse desafio. Minhas respostas estão ficando mais curtas. Lamento.


89. Descreva o céu.
Azul. Um tom bonito de azul, mas não sei dizer exatamente qual tom é esse. Sei que está entre a cor do lápis de cor azul claro e o azul marinho. Não sou muito boa com cores.

90. Elvis Costello disse que "escrever sobre a música é o mesmo que dançar sob a arquitetura", discuta sobre isso.
Simples: Dança é uma forma de expressão, bem como a arquitetura. Escrita e música também. No entanto, cada coisa precisa de seu próprio espaço. Dançar sobre a arquitetura pode ser um ótimo tema para um ensaio fotográfico, mas não faz sentido na vida real. Escrever sobre música também não.

91. Escreva sob o ponto de vista de alguém que tem sinestesia.
Todos têm uma música favorita (ou mais de uma, na maioria dos casos). Com ele não era diferente, mas em vez de fazer suas escolhas baseado na voz do vocalista ou no ritmo da música, ele tinha preferências de acordo com determinadas notas. Começou com aquilo quando ainda era novo, dizendo que algumas músicas eram doces, azedas ou amargas. Logo descobriu que preferia música clássica, pois as notas eram menos confusas e mais agradáveis. Sua preferida, acima de todas as outras, era a Sonata da Meia-Noite (do Beethoven). No entanto, seus amigos não gostavam de música clássica. Eles costumavam trazer seus próprios pendrives com os hits do verão anterior. Aquilo era uma tragédia, pois a maioria das músicas eram amargas ou extremamente doces. Mas, para quem estava pegando uma carona para a praia, um pouco de chá de boldo em forma musical não era nada.

92. Um guia para iniciantes de levantar-se de manhã.
No verão: durma com a janela aberta. Vai ser mais fácil levantar se o quarto estiver claro.
No inverno: durma em cima da roupa que vai usar no dia seguinte. Se ela estiver quentinha, você pode se vestir debaixo da cobertor e isso vai te deixar mais disposto a se levantar.

Dica Bônus: pense na razão de estar se levantando naquela manhã. É pra estudar? Isso vai ser importante pro seu futuro. É pra encontrar alguém especial? É pra fazer o bem? É pra causar? É pra trabalhar e ganhar dinheiro?
Pense na razão do sacrifício e tudo ficará mais fácil.




93. Um(a) aluno(a) brilhante do ensino médio é flagrado(a) por um(a) professor(a) roubando alguma coisa na escola.

- Eu estou decepcionada!! -disse a coordenadora pela milésima vez.
Helen olhou para o chão. Quanto tempo teria que ficar ali? Quanto tempo teria que ficar sob o olhar acusador da professora de português, de pé no canto da sala e com os braços cruzados. De todas as broncas que levaria aquele dia, a pior coisa era o silêncio dela.
- Por que fez isso?
Helen deu os ombros.
- Você... Você nem precisava dessas provas, minha querida! Ele te obrigaram a fazer isso, não foi?
Não, não foi. Ao contrário do que a direção e os professores achavam, Helen tinha boas relações com o resto da sala. Poderia ter as melhores notas, mas fazia parte da turma do fundão quando ninguém estava olhando. Esse era seu dom: conseguia se infiltrar em todos os nichos. Era amiga das tias da limpeza, do porteiro, das diretoras, dos professores, dos nerds e dos meliantes.
- Se me disser quem te obrigou, não vamos chamar seus pais.
- Ninguém me obrigou a nada. -respondeu Helen virando o rosto pro outro lado.
- Pode dizer, não vamos contar pra ninguém... -continuou a coordenadora num tom maternal- Eles não vão te fazer nenhum mal.
- Eu peguei as provas porque quis.
Aquilo era verdade. No entanto, o conteúdo das provas não visava ajudar a si mesma. Os amigos tinham metade dos boletins manchados de vermelho, como se o papel tivesse sido esfaqueado diversas vezes. Queria tê-los na mesma sala no ano seguinte, então era melhor que todos passassem. Pensando bem, tinha sido um roubo egoísta sim.
Seu plano era simples: entrar na sala dos professores, pegar as provas-matriz, fazer uma cópia de cada e sair de lá o mais rápido possível. Tinha escolhido atentamente o melhor momento para o ataque: terça-feira, às 10:20. Todos os professores estavam em aula e as tias da limpeza ajudavam a olhar as crianças do pré enquanto estavam no intervalo.
Tudo estava saindo de acordo com os planos, mas então a professora de português entrou na sala. Ela entrou ali sabendo que tinha alguma coisa errada. Os olhos se arregalaram quando encontraram os da aluna preferida. "Não é o que está pensando!!", a aluna pensou em dizer; mas aquilo só a deixaria com um aspecto ainda mais culpado e medíocre. Se tinha sido pega, era melhor enfrentar tudo de queixo erguido. Sabia que era arriscado... Foi justamente por isso que se ofereceu para aquele roubo. Se fosse pega, ficaria bem... Se os amigos - que já tinham a ficha bem suja com a direção - fossem pegos, talvez fossem até mesmo expulsos.
A coordenadora colocou as mãos na cintura e suspirou.
- Se fez porque alguém te obrigou, Helen... Pode dizer pra gente. Vamos tomar precauções para que ninguém mexa com você...
- Santo Deus! Estou dizendo que roubei porque quis! Eu... Eu queria notas melhores!
- Se você fez isso porque quis, espero que isso não se repita.
A professora de português soltou uma exclamação indignada.
- Tudo bem, não haverá punição. -disse a coordenadora- Acho que nossa aluna nem percebeu, mas estava segurando o pacote de provas da 5ª série. Refaremos as avaliações desse ano, de modo que ela não repasse informações para os amigos mais novos.
Helen deixou a boca abrir alguns centímetros. Aquele foi sua passagem de volta à sala.
- Deveria estar tão nervosa qu... -ouviu a voz da professora depois que saiu da sala.
Mal sabia ela que Helen havia copiado todos os arquivos num pendrive antes de tentar chegar ao pacote de provas da quinta série - a única que não conseguiu colocar no pendrive por falta de espaço interno. teve vontade de gargalhar, mas se controlou... Além de tudo, era uma ótima atriz.

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