Ela tinha passado algum tempo parada,
observando os mínimos movimentos dele. Antes disso havia acompanhado a vida de
sua vítima por longos anos.
É claro, fazia anos que ela o conhecia. O vira a primeira
vez quando era um bebezinho prematuro na maternidade, cercado por uma dúzia de
outros bebês mais velhos. Era só mais um, sem nenhuma grande missão nesse
mundo, com grandes chances de ganhar sequelas devido à prematuridade.
Fora ignorado por aquele momento, até que quando rapaz
tivera seu segundo encontro com ela. Estava numa festa com os amigos, bebendo
seja lá o que estivesse no copo, não ligando se teria dinheiro para pagar
aquilo tudo ou saúde para lidar com a situação. Ele não a viu, mas ela parou um
instante e refletiu sobre o rapaz.
Não era hora do jovem rapaz ouvir a voz de sua observadora. Ainda
não.
Ela o deixou lá, cercado por um aglomerado de adolescentes
bêbados, sabendo que o encontraria novamente em alguns anos.
Ela tinha muito trabalho para fazer, não tinha tempo de
acompanhar apenas aquele rapaz... Não tinha tempo de escrever livros sobre a
vida de cada um que chamava sua atenção.
Mas agora ele se encontrava cercado pela solidão.
Ela se aproximou com suas mãos frias e tocou o ombro do
rapaz. Ele não a via, mas sentiu um breve calafrio e a voz que dizia:
- Vamos.
No instante seguinte uma pontada no peito. Ele contorceu-se
um segundo e caiu no chão. A agonia não durou muito... Logo estava inerte, com
sua companheira ao seu lado, observando-o por alguns breves instantes.
Era só mais um. Ninguém importante que não merecia muito
mais atenção.
Ela deu às costas e foi para outro lugar continuar com seu
trabalho.
esplendido...
ResponderExcluirUm breve momento de leitura e uma arrepio momentâneo. Poético, quimérico e, ainda assim, real. Parabéns!
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