quarta-feira, 11 de abril de 2012

III

Leitores (agora mencionarei todos: Karine, Gaby, Anônimo, Jean e Robson - por ordem cronológica, hein?)!
Eis a 3ª Parte.

Ah.. Pra quem ainda não percebeu, a história é inspirada num Sherlock Holmes mais 'lento' (porque vamos concordar: Sherlock é MUITO BOM! Impossível chegar aos pés dele.)
Mais uma coisa... Pretendo fazer os futuros contos apertarem o laço que estou tentando fazer.
Traduzindo: Nos -supostos- futuros contos, tudo vai fazer sentido. Vou ir explicando a coisa toda aos poucos.

Pois bem... 
Espero que gostem.





Eu precisava de férias. Meu serviço parecia menos cansativo, mas incrivelmente mais entediante. Cheguei em minha chefe e falei a verdade: estava surtando. Ela me fez uma proposta muito convidativa, na qual eu trabalharia metade do que eu trabalhava. É claro que ganharia menos do que eu já ganhava. Mas pra quê eu queria tanto dinheiro sem ter tempo para gastá-lo?!
Era uma grande diferença, mas pensando em quanto aquilo me seria útil, foi irresistível. Aceitei o novo horário e tirei o resto do dia de folga.
Cheguei em casa mais cedo. Imaginava em que estado Mariana ficava enquanto eu não estava em casa. Será que ela dormia o dia todo, ou será que ela fazia festas matinais?
Quando cheguei em nossa porta e fiquei alguns instantes com o ouvido grudado na porta, tentando ouvir algum sinal de vida, mas não... Quando entrei tudo se explicou: ela não estava em casa.
Eu costumava chegar às seis e dez em casa. Aquele dia cheguei às onze da manhã. Imaginei que ela chegaria às duas... três no máximo. Onde ela poderia estar?!
Eram cinco e cinquenta e cinco quando ela chegou. Abriu a porta e ficou me encarando por alguns minutos.
 ─ Chegou mais cedo... ─disse ela.
─ É.
─ Por quê? ─disse fechando a porta.
─ Acelerei o passo. E você, onde tinha ido?
─ Dar uma volta...
Comunicávamos como duas metralhadoras de perguntas e respostas diretas, sem muito tempo pra pensar.
─ Uma volta?
─ É. É bom sair um pouco.
─ E quanto tempo durou sua voltinha pela vizinhança?
─ Pra que quer saber?
─ Curiosidade.
─ Me diz porque mente pra mim e eu digo porque minto para você.
─ Quem disse que estou mentindo?
─ O chão está varrido e não temos pó nos móveis. Você tirou o pó do sofá e da minha poltrona, lavou a louça, e ao julgar pelo óleo espirrado em sua camiseta, acredito que você fez comida. Mas como eu não estou sentindo cheiro de nada, você fez o almoço. Se almoçou, veio cedo; a pergunta é: Por que?
Tive vontade de rir. Ela tinha dado apenas um passo para dentro de casa, como sabia tudo aquilo?? Como sabia da louça?
─ Como sabe que lavei a louça?
─ tem uma mancha de detergente na sua camiseta.
─ Na boa... Você me assusta. Vim mais cedo porque pedi uma folga pra minha chefe... ela me deu horários novos e tal... e você, onde foi?
─ Procurar uma casa nova.
─ Vai se mudar??
─Não. Nós vamos nos mudar.
─ Por que?
─ Porque achei um apartamento melhor, mais barato e com uma localização melhor. Fui negociar com a proprietária. É uma espécie de duplex... Tem o andar de baixo, que é o da Senhora Marta e o nosso, que é encima. Ela disse que não podemos ter animais de estimação, e isso me rendeu um desconto porque eu disse que você tinha uma família de gatos. 
─ E desde quando havia o boato de que iriamos nos mudar?
─ Decidi hoje de manhã e... Eu já fechei o negócio.
─ O QUE??!
à você que está lendo estas linhas eu pergunto: Como uma pessoa decide trocar de casa de um dia para o outro?! É sério... Como?
─ Podemos começar a mudança quando quisermos, mas como eu já paguei o primeiro mês de aluguel... Vou começar a encaixotar as coisas ainda hoje.
Fiquei sem reação. É verdade que aquele nosso apartamento estava um lixo, mas... Do nada comprar outro? Aquilo era loucura. Ela me mostrou o contrato de nossa nova moradia e então eu senti que era confiável.
 Concordei em empacotarmos as coisas e visitarmos a nova residência no dia seguinte, antes de ir para o trabalho.
Bem... Eu não sei como exatamente ela encontrou aquele lugar, mas era perfeito. Tinha mobília e uma pequena varanda na sala. Não era muito alto, mas o vento entrava pela janela e fazia uma corrente de ar com as janelas dos outros quartos ─ que eram três.
A sala era espaçosa e a cozinha igualmente. A dona do apartamento, senhora Marta, subiu as escadas e me recebeu com um sorriso e um abraço. Era tinha alguns cabelos acinzentados e outros negros. Havia algumas rugas em seu rosto, mas os olhos eram mais vivos do que os meus.
Havia uma parede da sala que era constituída apenas por estantes. A altura ideal para colocar livros. Minha nossa... aquele apartamento era mais do que perfeito.
Começamos a mudança naquele dia. Quando eu saí do trabalho, metade de nossas coisas já estava lá. Sra. Marta ajudou muito, limpou tudo enquanto nós organizávamos. Ela era falante e prestativa como se fosse da família. 
Em dois dias o lugar já estava morável. Vendemos nosso antigo apartamento e ficamos com um bom dinheiro na conta de cada uma. Passei alguns meses sem saber de onde tinha vindo o dinheiro inicial, para comprar o apartamento da Rua Baker. Mas, certa vez, depois de muito tempo, ela me disse que era um dinheiro que ela tinha aplicado há alguns anos.
Obviamente não era.
Obviamente eu não sei de onde veio o dinheiro até hoje.

Os serviços começaram a aparecer para ela. Todos seus trabalhos clamavam por serem publicados nos jornais, numa pequena nota... Mas ela se recusava a continuar procurado empregos.
Se um dia voltasse aos jornais, seria quando seu ex-chefe houvesse morrido. E, pelo que parece, aquilo iria demorar um pouco.
Ela havia feito anúncios na internet e nos classificados. Detetive. O que mais aparecia eram mulheres achando que seus maridos estavam as traindo, ou em alguns casos, homens que achavam que suas mulheres estavam os traindo. De vez em quando aparecia um louco achando que estava sendo perseguido.
Todos esses trabalhos eram resolvidos em um ou dois dias. Simples, fácil e rápido. Estava entrando dinheiro em casa. As pessoas pagam caro por suas loucuras, suas obsessões.
Talvez elas gostem de pagar, simplesmente.
Os clientes começaram a aparecer com mais frequência, com casos mais particulares; e isso dava o direito à Mariana de escolher em quais ela queria trabalhar.

As coisas começaram a dar muito certo naquela época. Acho que, num contexto geral, foi a parte mais calma da vida dela. Sentia-se bem em ouvir os casos de seus clientes, sentia-se melhor ainda em chegar em casa e me narrar uma breve ficha sobre o caso resolvido. 
De vez em quando, senhora Marta preparava algumas refeições para nós, já que nem eu e nem ela sabíamos cozinhar mais do que precisávamos para sobreviver. Ela se tornou uma espécie de “secretária”. Pegava nossas correspondências, limpava nossas coisas e atendia prontamente nossos pedidos.

Certa vez, eu estava andando na rua de casa, quando um garoto passou por mim e bateu em meu ombro com força. Ele se virou, pediu desculpas rapidamente e voltou a andar. Tudo tranquilo... Até que cheguei em casa e não encontrei minha carteira. Óbvio.
Fui atacada por uma série de sentimentos de raiva contra o garoto, mas o que eu poderia fazer?!
Corri para fora e encontrei Mariana chegando também. Ela trazia uma sacola de mercado nas mãos e ficou me encarando alguns segundos.
─ O que foi?!
─ Um cara... Me roubou agora a pouco.
Ela olhou ao redor.
─ Por que não correu atrás dele?
─ Na hora eu não vi...
─ Então ele te furtou. Roubar é outra coisa. 
─ Eu... Vou fazer um BO na delegacia.
─ Não vai adiantar nada. Vamos entrar e comer, porque comprei pão e está quente.
A maneira com que ela ignorou meu furto, como ela disse, me deixou pasma. Não era normal que ela reagir daquele jeito às coisas como aquelas. Se eu estava com raiva, ela deveria estar tendo um surto no meio da rua.
Mas não havia o que eu fazer. Fazer um boletim de ocorrência seria mais perda de tempo. A acompanhei no café da tarde.
─ O cara que te roubou... Era baixinho?
─ Não sei... Acho que sim.
─ É nosso vizinho da frente. A gente termina aqui e vai pegar sua carteira de volta. Ele sempre rouba, fica uns minutos na rua e depois volta pra casa.
─ E você sabia que ele roubava as pessoas e não fazia nada?
─ O que quer que eu faça?
Era em situações como aquelas que eu realmente não entendia Mariana. Primeiro falava que queria melhorar o mundo, e todo aquele discurso de salvadora da pátria... E depois ignorava nosso vizinho ladrão.
─ Se ele for pra cadeia ─ explicou ela ─ Vão soltá-lo uma semana depois. O doido vai ficar sabendo que foi a gente e vai ficar enchendo o saco depois. Sabe como são as coisas.
─ E o que vamos fazer com ele?
─ Podemos assustá-lo.
─ Como?
─ Mostrando que não somos idiotas.
Eu iria perguntar “como?” novamente, mas me senti a idiota da história. Preferi esperar para ver como as coisas iriam ser.
Terminamos o café e fomos para nossa calçada. Ficamos lá, vendo o movimento da rua por uns dez minutos; até que nosso ladrãozinho dobrou a esquina.
─ Aprenda com a mestra. ─disse ela sorrindo um instante e começando a andar.
Fiquei na porta de casa, apenas observando. Ela atravessou a rua e acelerou o passo de frente para nosso vizinho. Então, eles bateram os ombros exatamente como havia acontecido comigo. O rapaz não disse nada, e continuou andando por alguns metros e então subitamente parou e olhou para trás.
Mariana estava com minha carteira nas mãos. O rapaz pôs-se a correr e sumiu depois que virou a esquina em completo desespero. Mariana começou a se aproximar sorrindo, coisa rara de se ver, tirando uma segunda carteira do bolso. Ela entregou a minha sem dar muita atenção, e então cheirou a segunda carteira.
─ Essa carteira não é dele ─disse ela abrindo-a─ Foi roubada depois da sua... Na verdade, acabou de sair do bolso do dono.
─ Como sabe?
─ A sua está cheirando a cigarro porque nosso ladrãozinho fuma igual uma chaminé, mas essa... Tem cheiro de Martine. Bebida cara... Quem deixaria Martine cair encima da carteira?
─ Não sei, quem?
─ Não sei. Estou te perguntando.
Só então ela abriu a carteira revestida de couro. Por dentro havia algumas notas altas, mas foram praticamente ignoradas por Mariana. Em meio às notas havia um guardanapo com um endereço, uma data e um valor bastante alto.
─ A data é de dois dias atrás. Seja lá o que isso significa que já aconteceu. Vamos descobrir o que foi. ─disse ela subindo as escadas de nosso apartamento.
Eu subi também enquanto analisava minha própria carteira. Estava exatamente do jeito que havia deixado, exceto pelo fato de que havia um levíssimo cheiro de cigarro. Deixei a carteira encima da mesa e me joguei encima do sofá.
Mariana estava com o notebook aberto e digitava. Então ela parou.
─ A casa foi assaltada e em seguida os bandidos colocaram fogo em tudo, incluindo no dono da casa. O dono era... ai meu Deus! Era meu antigo chefe!
─ Nossa! ─eu levantei do sofá─ Sério??!
─ É! Parece que foi por vingança... Aqui diz que pegaram quatro dos cinco assaltantes, mas que o crime foi encomendado por outra pessoa. E pelo que parece, ninguém sabe quem é essa pessoa.
Ela deixou o notebook encima da mesa e começou a estudar a carteira e as notas que estavam lá dentro.  Pegou uma pequena lupa (quantas pessoas têm uma lupa ao alcance das mãos?!) e ali ficou até às nove da noite. Ela só saiu de cima de sua nova “diversão” quando a Sra. Marta bateu em nossa porta e entrou com uma forma de bolo coberta por um pano de prato.
─ Boa noite meninas. ─disse ela─ Eu fiz um bolo... Achei que vocês iriam gostar.
Mariana levantou os olhos da carteira e farejou o ar. Voltou a escrever no notebook. Eu convidei nossa vó-postiça para entrar e ela recusou, disse que tinha outro bolo lá embaixo e que ainda estava no forno. Fechei a porta e levantei o pano de prato, deixando o cheiro se multiplicar. 
Fui até a cozinha e cortei um pedaço. Mariana aproximou-se e fez o mesmo. Ficamos alguns instantes em silêncio, comendo o magnifico bolo da Sra. Marta. Há quanto tempo eu não comia um bolo de cenoura? Creio que desde que fui embora da casa dos meus pais.
─ O que descobriu?
─ Nada útil.
─ E de inútil?
─ Rasteei o número das notas e todas elas são do mesmo lugar, o que significa que saíram juntas do banco e pagaram juntas alguma coisa. Significa que a pessoa que pagou o serviço tem bastante dinheiro. O que não nos diz muita coisa... Afinal, quantos milionários não desejam intensamente assassinar jornalistas?
Apenas concordei.
─ Mas então recorri ao bilhete. Letra de mulher, então é uma milhonária, ou a secretária... Mas, julgando pela forma das letras, não é uma pessoa que obedece ordens. ─Ela pegou o papel e o trouxe para perto de mim─ Vê a força com que ela escreve? Sem chance de ser uma secretária.
Agora a explicação começava a ficar interessante.
─ Isso nos reduziu a umas 500 mulheres ricas com sangue frio para encomendar assassinatos. O que ficou bem mais fácil, mas... Daí eu falei com o Gregório e ele disse que esse lote de notas foi colocado num banco no interior, em época de rodeio. Agora é só descobrir quais milionárias gostam de ver bois pulando, e então a gente pega a assinatura de cada uma delas... Pronto, assassina nas mãos.
─ E por que não deixamos a polícia fazer isso?
─ Explique que encontramos esse papel na carteira de um cara que foi roubado pelo nosso vizinho, mas roubamos o ladrão e chegamos a conclusão de que meu ex-chefe morreu queimado por uma milionária que gosta de rodeios.
De fato era uma coisa complicada de se explicar para alguém que não estava conosco desde o começo do caso. Mas, na minha opinião; deveríamos entregar o caso ao Gregório e deixa-lo com o problema. Eu sabia que poderíamos simplesmente abandonar o caso, mas... Ela estava gostando daquilo. Era clara a animação em fazer aquilo. Ficar pensando... Coisa de louco. 
Ela voltou para a sala, pegou o papel com o endereço e grudou-o com uma tachinha no meio da parede da sala. Ela fechou a tampa no notebook e colocou o tênis.
─ Vou visitar nosso vizinho. Vou perguntar gentilmente como era a pessoa que ele roubou a carteira.
─ Eu vou com você.
─ Não precisa.
─ É do outro lado da rua, eu vou sim.
Saímos de casa e atravessamos a rua. Nosso amigo morava num quarto e cozinha, um cubículo. Subimos as escadas do lugar e abrimos a porta da pequena sala. Silêncio. O garoto nem nos viu, estava com um cigarro na mão e fones de ouvido. A uma distância de quase quatro metros eu conseguia ouvir a música.
Com passos leves entramos e fechamos a porta e então Mariana ascendeu a luz. O rapaz deu um pulo no sofá velho, deixou o cigarro cair no chão e desvinculou-se dos fones.
─ Minha mãe de Deus! Me desculpem! Não roubei de propósito!!
Hoje em dia tenho vontade de rir quando me lembro disso. Nós assustamos o rapaz... Ele disse a primeira coisa que lhe veio à mente, mas “Não roubei de propósito” chega a ser engraçado.
─ Calma amigo... ─disse ela indo até a janela e voltando─ Vim só fazer uma pergunta.
Ele a encarava com os olhos esbugalhados, enquanto ela andava daqui pra lá calmamente... Pegou um tênis que estava no chão, sentou-se no braço do sofá e começou a tirar o cadarço dele. Lentamente, com uma tranquilidade que ela nunca teve. Uma tranquilidade falsa.
─ O homem de quem roubou a outra carteira... Como ele era?
─ Eu não lembro...
─ Vou explicar meu método: Pergunto uma vez na calma... Como fiz até agora. Tá tudo calmo, não está?  ─sorriu ela.
─ É... ─disse ele relaxando um instante.
─ Mas a coisa vai ficando feia aos poucos... ─disse ela com a voz um pouco mais séria─ Quando eu perguntar a segunda vez, eu acho bom você responder... Porque se eu perguntar uma terceira vez... Vish... Então, vou perguntar pela segunda vez: Como-era-o-cara?
─ Eu... Eu não lembro, moça! É sério!
Mariana não aparentava ser muito forte, mas tinha técnica para fazer as coisas. Ela pegou o rapaz pela camisa e o tirou-o do sofá. no instante seguinte o cadarço que ela mexia a pouco enrolou-se ao pescoço do rapaz. Ela ficou às costas dele e segurou as duas pontas do cadarço com uma mão, enquanto a outra segurava com força as duas mãos do indefeso rapaz.
Ela empurrou-o com força até a parede e ele deu um urro de dor. Em seguida ela puxou o cadarço com força e disse em tom normal:
─ Eu quero saber como ele era.
─ Ok, ok! Ele... Ele tinha uma tatuagem no braço, barba... Estava de calça jeans...
Maria soltou o cadarço um pouco, mas ainda o mantinha sem reação.
─ Ele estava aqui na rua de trás, estava andando rápido pra caramba... Não sei de onde ele saiu e nem pra onde foi. É verdade, moça! Não to mentindo não!
Mariana o soltou. E andou alguns instantes de um lado para o outro.
─ Tatuagem? De quê?
─ Dragão! Era um dragão! No braço esquerdo!
─ É o suficiente por enquanto. Mas olha... Eu moro aqui na frente, não quero ressentimentos. Vou deixar você viver sua vida, e você deixa eu viver a minha. Se você me atrapalhar, venho te visitar... E aí não vai ser legal. Somos vizinhos legais e vamos nos cumprimentar quando nos vermos na rua, entendeu?
Saímos de lá e voltamos para casa. Subimos as escadas e eu tranquei a porta para que a Sra. Marta não ouvisse a conversa e sentisse algum tipo de preocupação, afinal; estávamos falando do nosso vizinho.
─ Agora sabemos que o sono tinha uma tatuagem... Fica bem mais fácil.
─ Você ficou louca? ─eu disse tentando controlar o som da minha voz─ O cara poderia ter sacado uma arma!
─ Mas não sacou... Pra nossa alegria. ─disse ela indo até a cozinha e lavando as mãos na pia.
─ Tá, e em que isso adiantou?
─ Vou pular encima do primeiro cara com tatuagem no braço esquerdo que eu ver e vou leva-lo pra polícia.
Ela pegou um pedaço do bolo de cenoura e começou a comer.
─ É Sério. ─disse ela.
No dia seguinte ela saiu de casa cedo. Não sei dizer o quanto significava cedo, porque quando acordei não senti nem mesmo o cheiro do café. Ok... Coisas de Mariana.
Era mais ou menos duas da tarde quando o telefone tocou.
─ Ela trouxe um cara desmaiado pra delegacia. ─disse a voz de Gregório─ E disse que ele é o quinto integrante do grupo que colocou fogo naquela casa... Como ela sabe disso?
─ Olha... É uma longa história, mas... Por que não pergunta pra ela?
─ Eu tentei, mas ela disse só que era esse cara e pronto, foi embora. Nós interrogamos o cara e ele admitiu... Ele disse que estava bebendo um café numa padaria, a Mariana chegou do lado e também pediu um café, aí DO NADA ela pulou encima dele e o apagou. O que essa mulher tem na cabeça, Diana??!
─ Eu não sei.
─ Olha... Quando ela chegar, diz que... Que... Olha, nem diz nada. Não diz nem que eu liguei. Deixa pra lá. Tchau.
Ele desligou. Alguns minutos depois ela chegou em casa. Me explicou a situação que eu já sabia que havia acontecido. Ela falava com empolgação, andando de lá pra cá na sala; mas então ela parou de tagarelar e sentou-se em sua poltrona com as pontas dos dedos juntas. Em questão de dez segundos ela tinha ido do céu ao inferno à olhos nus. 
─ O que foi essa repentina mudança de humor?
─ Peguei o idiota, mas... E a mandante?
O que eu poderia dizer? Dizer que estava bom ter conseguido pegar só aquele cara? Não, eu sabia que não estava bom. Eu poderia lamentar com ela, mas... Não. Aquilo era uma coisa que ela estava pensando sozinha.

Eu começava a gostar daquilo. Aquela sensação suicida que ela tinha era algum tipo de doença contagiosa. Pensar... É algo que vicia. É uma droga que quando se usa uma vez, se quer usar sempre. E o grande problema é que temos acesso livre para usá-la. 

4 comentários:

  1. Siiiiiiiiiiiiiiiim, acabei de ler, mintira, li mais cedo so que estava enlouquecedoramente ocupado, então so estou podendo comentar agora, sorry.

    Enfim, girl, hã...ficou booom, sem duvida, gostei do cadarço e do susto estarrecedor do drogado, legal mesmo...foi mal pela falta de palavras mas quando estou ocupado até por cima "do zólho" não comento muito bem(descobri isso agora)

    Então o que posso dizer resumidamente é...No aguardo e fui, preciso trabalhar.

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  2. Vamoos Manda mais.... Mariana ta parecendo o Dr. House, kkk' Eu quero fazer um curso de leitura corporal só para ficar assim "like a boss" é de mais...

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  3. Então ela comprou a casa?
    Hum....Sei....
    Vou ler o próximo....
    Está melhorando....

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  4. "está melhorando" de um leitor que não puxa meu saco é 'O' ELOGIO.

    obrigada.

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