Existem duas coisas que odeio em São Paulo: trânsito e a
falta de segurança.
Domingo estava eu e minha amiga andando por aí lá pelas 9 da
noite. Ok, não é um horário muito bom, mas não podemos nos trancar em casa como
se fosse toque de recolher. Evitar, mas não proibir.
Eis que aparece uma moça andando na nossa direção. Parou a
gente e disse: “Olha, cuidado porque ta tendo assalto lá na frente. Meu amigo
acabou de ser assaltado ali... Cuidado”.
A menina saiu andando de boa, como se nada tivesse
acontecido. Minha amiga me olhou e disse que deveríamos atravessar para o outro
lado. Eu disse que não. Virei minha mochila pra frente, tirei o cartão do banco
da carteira e o cartão de memória da câmera. Guardei os dois no bolso. Em seguida
já deixei a mão dentro do bolso, segurando minha faca.
Sim, eu carrego uma faca na mochila o tempo todo. Nunca se
sabe, né?
Continuamos andando, mas nada aconteceu.
Minha teoria é que a mulher trabalhava com os tais bandidos.
Os caras, por sua vez, estavam do outro lado. A menina andava do lado oposto
para atrair possíveis vítimas para a armadilha.
Penso isso porque a moça estava na maior paz. Quem vê o
amigo ser assaltado e ta andando na boa no meio da escuridão? Ok, somos
paulistanos, acostumados com assaltos e tal... mas não vamos forçar, né?
Hoje (sexta) eu estava almoçando, feliz e serelepe quando
tocou o telefone. Vou escrever mais ou menos o diálogo:
- Mããeee! Mãe! Eu tava andando na rua e uns caras me assaltaram
e agora eu to com eles aqui...
Nesse momento eu já tinha entendido que se tratava de um
daqueles golpes bestas em que dois ladrões metem o louco e enganam velhinhas
inocentes que atendem o telefone. Ah, lembrando que eu não sou mãe de ninguém.
- Filha! O que aconteceu?? Você ta bem?
- ~choro~
- Filha! Fala comigo!! (sou uma ótima atriz. HUEHE)
Aí um cara pegou o telefone da mão da mulher (note: a mulher
deveria ser mais velha que eu).
- Senhora! To com sua filha aqui!
- Ai meu Deeus! (eu segurando o riso)
(dessa parte em diante gravei o áudio)
- A senhora vai ter que pagar pra ver ela outra vez!
- Mas eu não tenho dinheiro... (o que é verdade)
- Ou paga ou a gente mata ela!!!
- Mas eu não tenho dinheiro!
- Quer que eu mate?? Eu mato!
- Ah, então mata. (gargalhando por dentro)
- Eu não to brincando não, senhora!!
- Falei pra essa menina não andar na rua! Pode matar!
O telefone voltou pras mãos da minha “filha”.
- Mãeee!! (aos berros)
- Menina! Te falei pra não andar por essas bandas! Agora eu
tenho que pagar, mas como não tenho dinheiro, vão te matar!
- *choro compulsivo*
O telefone voltou pro “sequestrador”
- O senhora quer que mate??
- Quero
- Tem certeza?
- Tenho
- A sua filha, senhora! Seu bem mais precioso...
- Eu falei pra ela não andar por aí. Agora pode matar.
- Vou mataaar!!
- Mata, mata mesmo! Ah, me manda a orelha dela por correio,
ok?
- Eu vou matar essa menina!
- Ta bom então. Tchau.
Daí que o cara desligou. Mas gente... Você não têm ideia do
quanto eu ri.
Mas é algo interessante. Se você tem realmente uma filha,
ficaria preocupado. A voz do cara é puro terror. Eu fiquei tirando com a cara
dele porque sou sem noção, claro.
Não façam isso em casa. HEHEUHEH
Bom, minha intenção era enrolar até eles dizerem quanto eu
deveria depositar em qual banco, etc e tal. Depois ligaria para a polícia e
diria o ocorrido. Mas, pra conseguir isso, eu tinha que enrolar um pouco, fazer
mais drama... O problema é que eles ligaram a cobrar, e não sei de onde eles
ligaram.
Se eles estavam no Macapá, a conta chegaria absurdamente
alta aqui em casa. Eu não vou arriscar pagar os olhos da cara em algo que a
polícia não moveria um dedo pra resolver.
Sou meio cismada com polícia. Não acho que ela seja
verdadeiramente útil. Nunca prende ninguém, quaaaaaando prende, solta o sujeito
na semana seguinte.
Seja como for, pelo menos foi a diversão do dia.
É o que eu digo... O mundo é dos espertos. Você bobeia um instante e já era. Andem sempre com suas facas nos bolsos e o humor nos sequestros falsos. xD
Hoje fizemos progresso.
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