E aqui estou eu. Compartilhando o horário dos fantasmas. Ouvindo
as músicas que eu me proibia de ouvir. Não, não é um poema. É só um texto sendo
feito no ritmo dos meus pensamentos.
Sem refletir em gramática, sem evitar repetições. Aqui estou
eu, como sempre estive e como sempre estarei. Ouvindo as mesmas óperas velhas
sobre histórias dramáticas. Taí. Essa sou eu.
Aceitei muitas coisas ultimamente. Uma delas é que eu sempre vou acabar ouvindo óperas às três
da manhã. O copo de vinho acompanha. Vinho barato mesmo. Mas que seja tinto.
Estalo os dedos, sinto os tendões doerem. Me lembro por que
doem. Doem porque sou idiota. Doem porque eu deveria parar de ouvir o físico e
ouvir a mente. A mente, meus próprios conselhos.
Eu não sei escrever poemas. Até sei, quem não sabe? Mas acho-os
bobos. Camões não. Edgar Allan Poe também não. Muito pelo contrário: gosto
muito do Sr Poe. Nevermore quoth the raven, certo? Mas não sinto o menor prazer
em ler rimas e métricas de metidos a poetas. Me irrita.
Ultimamente me disseram que estou um tanto quanto
depressiva. E quem não é? A coisa mais inteligente que falei até hoje é que
enquanto maior a ignorância, maior a felicidade. Isso nos leva crer que a
felicidade se afasta.
Tenho uma teoria há anos. A teoria de que a felicidade não
existe. Nos enganamos. Lemos romances, vemos filmes... Criamos um mundo que não
existe e queremos tê-lo como base para nossas vidas. A culpa disso é dos que
criam. Nevermore quoth the raven.
O corvo, no final das contas, era a criatura mais brilhante
de todas. Nevermore. Nunca mais, disse o corvo. Com apenas uma palavra o bicho
consegue ser superior a mim, a você e a todos nós, pobres mortais.
Ando dando umas viajadas nessa coisa do Poe e o Corvo. Primeiro
porque andei estudando esse poema. Tenho realmente pesquisado sobre Poe. Segundo
porque tenho pensando em fazer uma tatuagem de dois corvos (Hugin e Munin – os corvos
de Odin). Eles observam a terra e depois falam para Odin o que aconteceu aqui em midgard.
Incrível dizer, mas sonhei com corvos ontem – ou seria
anteontem? No sonho o corvo me mostrava o caminho para coisas que eu precisava.
Segundo aqueles livros de significado de sonhos – tenho um – o corvo representa
transformação e iluminação espiritual (?). O que diabos isso significa na minha
vida eu não sei.
Corvos são pessimamente vistos na sociedade atual. São pobres
coitados. Seu som é associado diretamente a coisas ruins – eu sei, eu já ouvi
um corvo de verdade há poucos metros. Não é algo exatamente agradável. –
novamente, culpa dos criadores de histórias. Maldito Hitchcock e seus pássaros
irritantes usados como trilha sonora. O cara era tão genialmente doido que
usava uma coisa irritante como trilha! Brilhantemente assustador.
Perdi completamente o foco do que escrevia. Estou aqui, às 3
da matina escrevendo sobre corvos. Mas afinal, qual era o foco?
Não sei. Parei por aqui. Esse leve devaneio já deu mais de
uma página do word. Mas que merda de música é essa que estou ouvindo?! Por que ainda não desliguei o pisca-pisca da árvore de natal? Que coisa mais irritante. Tão feliz, tão alegre. Parece pular de galho em galho como uma maldita pulga colorida.
Parei minha ópera pra ouvir uma música que alguém postou no
facebook. É um lixo. Volto para minha ópera. Nevermore quoth the raven.
Obrigado por postar , adorei o desenho e o texto , em breve tatuo em mim tambem o hugin , talvez os dois , vai saber ...
ResponderExcluirlegal seu post... anos atras morei em Londres. Numa noite escutei barulho em minha janela, fiquei bastante assustada ao perceber um corvo enorme.... eles são gigantes para mim... foram 4 noites seguidas recebendo a visita dele, até que um dia, resolvi enfrentar meu medo... abri a janela com cuidado para não assustá-lo (eu estava assustada)... conversei com ele alguma insanidade que esqueci... nunca esqueço é daqueles olhos vermelhos, pareciam me entender... daí foi assim mais duas noites até ele não vir mais...senti a falta dele :(... não acredito serem de mal agouro, pelo contrário... as coisas melhoraram muito para mim depois desse fato.
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