domingo, 2 de outubro de 2011

Autores frustrados e suas histórias

Acredito que a maioria dos escritores, ou metidos a escritores... Qualquer ser humano que se deleite em colocar letra após letra, palavra após palavra... Qualquer ser humano que aprecie essa arte... tem, no fundo de seu coração, sonhos que nunca serão realizados.

A cada romance que você lê, a cada cena de ação, a cada diálogo perfeito... Existe um escritor com sua vida frustrada.
A cada mínimo detalhe de um livro ou um filme, a cada personagem, nomes, lugares...
Palavras escolhidas cuidadosamente para cada momento, milhões de palavras esperando para ser escolhidas, e apenas aquela foi selecionada...

Para cada ideia, para cada sensação, para cada linha... Há um autor frustrado.

Você pode discordar se não for um autor,
pode discordar até mesmo se for um autor consagrado...
Mas você há de convir comigo que autores têm mentes férteis, planejam todo um futuro...
 Mas chega um ponto em que os planos se desfazem...
É como jogar papel na água e esperá-lo se decompor...
Não importa o que estivesse escrito ali...
Vai acabar, e vai sumir.

Mas você vai lembrar de cada linha planejada, com as mesmas palavras... Com a mesma magia com que pensou no passado... Vai se lembrar do sorriso idiota na cara em todos os momentos que se pegou pensando em alguma coisa boba... Você VAI se lembrar dessas coisas, e NÃO vai esquecer...

Mas, ao seu redor as pessoas continuam bem.
O sol continua a brilhar na vida alheia, e elas estão tão bem que causa alergia à sua existência.

Aquelas palavras ainda lhe consomem a alma...
Todas as noites antes de dormir você lembra daquele que jurou amor eterno.
Todas as noites você vai lembrar daquelas palavras que antes tinha aceitado com tanta ingenuidade, todas as noites vai lembrar dos planos que tinham juntos e dos sonhos...


Ninguém precisa de você.
Seus amigos têm sorrisos iluminando seus rostos,
Sua família acha que tudo vai acabar bem...
E você aí, de cabeça baixa e olhos fechados...
Com a louca vontade de chorar, mas sem conseguir fazer as lágrimas escorrerem.

Daí você se lembra do passado..
Se lembra dos seus próprios conselhos..
Você não seguiu-os.




Como um bom escritor, vai se render à sua alma e deixar as palavras fluírem...
Por conspiração do destino, uma música triste vai tocar enquanto você escreve;
e, aqueles que antes eram chamados de frios e calculistas, agora não são absolutamente nada.

Você perdeu muita coisa, mas ainda tem sua memória intacta.
Aquelas palavras que dizia com tanto vigor, agora são traduzidas em uma história.
Uma história com uma grande metáfora, com um lado muito pessoal...
Nomes, lugares, detalhes que antes você queria no seu futuro; agora são o futuro de um personagem que você deseja que tenha um destino diferente do seu.
Vai fazer a parte real, o que realmente aconteceu...
Mas aí, magicamente, você encontra a solução e faz tudo ficar bem para seu personagem...
porque é aquilo que queria que fosse verdade.

Seu personagem, uma parte de você...
Você vai o fazer feliz... Porque você sabe como fazê-lo feliz!
Ele é você, e apenas você sabe como poderia ser o final daquela história.
Você vai dar um final feliz ao seu personagem, porque afinal; alguém nesse mundo precisa ser feliz...
Por que?
Porque ser feliz é a única coisa que importa.

E você não consegue fazer a única coisa que deveria fazer.


Sem os autores, sua vida seria muito mais idiota do que já é.
Sem eles, seus planos não teriam tanta graça.
Seus dialogos não teriam tanta graça.
Sua vida não teria tanta graça.

Admita: Você tem ideais literários.
Quer um príncipe montado num cavalo branco, um castelo e o escambau.
Ou então quer um cara amigo, sincero e o escambau.
E quem foi que pensou nisso primeiro?
OS AUTORES.

Então, não vamos ser hipócritas...
Vamos agradecer às pessoas que machucaram o coração dos autores.


Pois bem.
Um claro exemplo disso é o musical "Moulin Rouge", no qual se fosse real (e sim, isso foi real na cabeça do autor - só que de uma maneira diferente, que precisa ser codificada - e apenas ele sabe codificar); não terminaria bem. Se fosse real, essa seria a ultima cena.
(sim, isso traduz bem o que quero dizer).

Ta aí a tradução da parte que o autor canta:

Os olhos dele em seu rosto
As mãos dele nas suas
Os lábios deles acariciando sua pele
É mais do que eu posso suportar

Por que meu coração chora?
Sentimentos contra os quais não posso lutar
Você é livre para me deixar, mas apenas não me iluda
E, por favor, acredite quando eu digo que te amo.





AOS AUTORES!
Hoje fizemos progresso.

5 comentários:

  1. "Então, não vamos ser hipócritas...
    Vamos agradecer às pessoas que machucaram o coração dos autores."
    Eu ri....

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  2. Gabi, as vezes precisamos só ecrever, e tens razão o sofrimento é a melhor inspiração.

    Adorei o layout não cansa as vistas para ler

    Abraço

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  3. Sofrer ou estar amando são onde encontramos inspirações para escrever, mas como disse a Aclim, as vezes só é preciso escrever, transportar uma estória, sem que ela seja precisamente para expor nossos sentimentos ou desejos. Não me tenho como escritora, mas quando invento meus contos e escritos não é baseado em mim e sim em algum personagem que minha mente cria. Mas sem frustrações, desejos ou sonhos.
    Gostei do post!

    Agora está bom se vir e ficar aqui, antes a passada tinha de ser rápida pq doía os meu zóinhos, rsrsrs

    Bjão Gabi.

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  4. Encontra-se na escrita o que não se tem aqui fora. Belo post ;)

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  5. A mais pura verdade!
    Quanto aos sonhos que nunca se realizarao, sei nao... Eu nao vejo o futuro.
    Mas acho que os unicos sonhos que nunca vao se realizar sao aqueles nos quais deixamos pra lá.

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