domingo, 11 de setembro de 2011

Pequno conto, grande metáfora.

"Era início de outono. Desisti de colocar um casaco, guardei as chaves no bolso e comecei a andar sem destino. Precisava fazer aquilo... Precisava sair do meu quarto... Precisava abandonar aquelas paredes frias e aquela escuridão que sempre me acolheu.
Deixei que minha mente se divertisse com minha alma...
O dia estava tão cinza quanto as poucas pessoas que cruzavam meu caminho.
Todos, sem excessao, andavam de cabeça baixa, perdidos em seus passos.
Me perguntava o motivo de cada uma estar daquela maneira... Estudos? Trabalho? Familia? Dividas? Amores? Amigos? Vida? Morte? Muitas possibilodades... Nenhuma resposta.

Cheguei a uma rua com casas belissimas. Sentei em uma calçada e admirei a construçao e seus detalhes.
Mas minha distraçao nao durou muito tempo. Logo os meus velhos pensamentos estavam lá, divertindo-se com a tortura que estavam me causando.

Eu precisava falar com alguém... Alguém tinha que me ouvir e me dizer o que fazer...
Minha familia nao estava disponivel. Meus amigos estavam felizes, eu nao estragaria a felicidade deles com meus problemas... Meu psicologo? Bem... Ele estava de ferias.
Resolvi procurar meus inimigos... Porém até eles estavam ocupados no momento.
Animador, não?

Me restava sentar naquela calçada e deixar que minha mente me consumisse.
Nao me importava mais... Ate eu mesma tinha desistido de mim.

Fiquei ali por um bom tempo, mas entao começou a chover.
Olhei para cima e senti como se algo lá encima estivesse rindo de mim. Nao sei bem o motivo...
Me levantei e, com passos lentos, fui seguindo o caminho pelo qual tinha chegado ali.
Eu fazia questão de parar em todo farol que tinha pelo caminho, pelo dimples fato de ficar parada na chuva.

No meio do caminho ouvi alguém gritando. Não importava... Nao era comigo. Parei no farol e ali fiquei por longos segundos.
Mas, para minha surpresa, senti alguem segurando meu braço. Levei um susto e encarei o rapaz.
- Sai da chuva, menina! - gritou ele.
Eu nao respondi. Aquele cara estava louco! Por que alguém pára a outra pessoa no meio da rua para mandá-la sair da chuva?!
Ele me encarou mais alguns segundos. Meneou a cabeça negativamente enquanto tirava a jaqueta. Ele esticou o braço e me deu a peça de couro.
Eu peguei, tomada pela surpresa do momento.
- Vai pra casa. - disse ele me dando as costas e correndo na chuva, como faziam as outras pessoas.
Eu fiquei ali mais alguns segundos, tomada por aquela sensaçao estranha.
Talvez aquele cara fosse procurado pela policia... Talvez aquela jaqueta identificasse o culpado de alguma coisa... Afinal, ninguém é assim... Bonzinho.
Mesmo assim coloquei a jaqueta e fui pra casa. Algo me disse para fazer isso... Sei lá... Obedeci meu coraçao, que a muito tempo nao me dava ordens.

No dia seguinte fiz o mesmo caminho, esperando envontrar o dono da jaqueta...
No dia posterior também... E no outro também...
Fazem tres semanas que passo todos os dias por ali e ainda nao encontrei-o.

Talvez as coisas sejam assim mesmo.. Num dia qualquer aparece um doido pra te ajudar, depois ele some e nós continuamos a procurar nosso anjo da guarda.

Todos os dias olho a jaqueta dobrada dentro do meu guarda roupa e lembro daquele fatidico dia chuvoso.

Nao sei se amanhã vou procura-lo... O que voces acham?

Hoje fizemos progresso.

4 comentários:

  1. Então o cara devia ser procurado pela policia?
    É bem a sua cara mesmo.
    Muito legal
    Abç Gabi ;D

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  2. Acho que se for de ser vai ser e em um outro dia sem hora nem data marcada ele vai aparecer para recuperar a sua jaqueta.
    Tudo na vida é assim, sem hora nem data certa.
    Bom conto.
    Beijos Gabi!

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  3. Quando estiver procurando outra coisa vc o encontra. Comigo sempre acontece isto...

    Abraço

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