terça-feira, 2 de agosto de 2011

Conto do dia 01/02/11

Eu estava revirando os rascunhos do blog, posts que faço e não salvo ou que a net cai e me deixa na mão... E encontrei um Conto IMENSO, e aí está ele. 
Eu li e, sinceramente, não lembro de como ele terminaria. Também não lembro em que situação eu o escrevi e nem mesmo qual era o nome do personagem (é, ele tinha nome). 

Não tem final, então.. deixo que as senhoras e os senhores criem seus finais. 
(eu juro que não sabia da existencia desse conto - só tenho a vaga impressão de que eu o escrevi).

Pois bem... Clique no "Continue lendo" e divirtam-se!





"Não importa meu nome.
O que importa é o que vou lhe contar.

Eu faço coisas erradas desde que me lembre.
Era garoto, estava sempre na rua. Me ensinaram a fazer de tudo.
Roubar, matar, traficar... tudo.
Meus pais queriam que eu estudasse. Faculdade de medicina e o escambau, não deixaram eu tomar o mesmo caminho que meus vizinhos.
Sempre odiei escola. Como você pode imaginar, não sou médico atualmente.

Certo dia eu estava voltando pra casa. Já era de noite, a rua estava vazia. Ao me aproximar da porta, vi que estava aberta. Senti um calafrio. Entrei correndo em casa e ouvi meus pais gritando dentro do banheiro. Corri, abri a porta e eles saíram.
Nós não éramos ricos, mas tinhamos alguns móveis, algumas coisinhas... Tudo com o dinheiro suado do meu pai. E naquela noite, levaram tudo o que a gente tinha. Não deixaram nem o tapete da sala.
No dia seguinte, meu pai foi trabalhar e descobriu que tinha sido demitido. Voltou pra casa sem nada no bolso. Não tinha carteira registrada, não tinha direitos, não tinha nada.

Daquele dia em diante, as coisas apertaram. Eu comecei a trabalhar como entregador de panfletos.
Sabe aquele paplzinho de mercado que você pega no portão e joga fora? Eu colocava esses papeis aí.

Fazia tempo que trabalhava assim. O sol fritando minha cabeça e os problemas consumindo ainda mais minha existencia. Parei na frente de uma casa para pedir água, eu estava passando mal. Toquei a campainha e esperei alguns segundos. Uma voz eletrônica saiu do aparelho:
-Quem é?
Demorei pra responder. Não sabia o que dizer, fui pego de surpresa.
-Eu quero um copo d'água.
-um minuto.
Fiquei lá, parado. Achei que ninguém iria me dar o maldito copo d'água. encostei a testa no portão de madeira e tentei respirar fundo. Aquele calor estava me matando..

A porta abriu. Um homem com um copo d'água na mão. Abri o sorriso.
Peguei o copo e comecei a beber devagar. Pelo copo, comecei a ver a casa que se escondia atrás do homem. Tinha piscina, duas portas de entrada, um jardim gramado... Muita coisa.
Terminei de beber, olhei para o homem.
-Obrigado moço.
-De nada.
Ele fechou a porta na minha cara. Eu permaneci encarando o portão de madeira. Queria aquela casa pra mim... Lembrei dos caras que roubaram meus pais.
Se aconteceu com a minha família, por que não poderia acontecer com a daqueles playboys?

Terminei meu dia com essa idéia.
Precisava juntar mais gente...
Uma semana depois e eu já tinha dois comparsas.
Decidimos ir no domingo a noite.

Tivemos sorte. Só o empregado estava na casa.
Rendemos ele, prendemos no banheiro e depois limpamos a casa.
Levamos tudo no carro da propria família. No caminho de volta, decidimos quem ficaria com o que.
Eu fiquei com a televisão, o som, um microondas.. Tudo que eu lembrava que tinham levado da minha casa.

Cheguei em casa de madrugada. Coloquei as coisas pra dentro e depois meus dois comparsas foram pra casas deles.
Não consegui dormir aquela noite. Qualquer barulhinho e eu estava de pé, morrendo de medo.
Quando amanheceu, meus pais surtaram. Sabiam que eu tinha roubado... Eu neguei até o fim, claro. Disse que tinha recebido o décimo terceiro adiantado e comprei as coisas...

Umas semanas depois eu fui preso.
Um dos meus comparsas foi idiota o suficiente para ficar com o carro da família.
O outro deu com a língua nos dentes e me ferrou.

Passei dois anos na cadeia. Me liberaram na condicional, eu era um santo lá dentro.
Mas quando saí... Eu estava pior, com certeza.

Conheci um tal de Ricardo na cadeia. Ele me ensinou as verdades sobre a vida: Ou mata ou morre.
Quando eu sai, não quis ver meus pais. Eu tinha vergonha.

Vamos pular alguns anos na história. Até agora foi tudo mamão com açúcar.
Uns anos depois eu aprendi que roubar não leva ninguém a lugar nenhum a não ser a cadeia.
Por outro lado, matar levava ao dinheiro.
Neste ponto, eu ja tinha uma casa e o dinheiro que eu nunca tive antes.

Tinha me acostumado...
Sexta feira meu celular tocava. Eu atendia e pegava um trabalho.
O trabalho estava dentro da cidade. Geralmente um traficante tentando se livrar do concorrente.
Eu não ligava pra quem era e o que estava fazendo.
Se o dinheiro caisse na minha conta, estava tudo certo.

Geralmente eu trabalhava sozinho. Mas quando eu via que a chapa ia esquentar, chamava o Ricardo. Ele pegava 60% dos ganhos e sumia no mundo novamente.

na nossa vida, não tínhamos amigos. Então, a relação entre nós era o mais proximo que tinhamos em confiar em alguém. Com isso, eu me preocupava com meu ex-companheiro de cela e atual comparsa.

Semana passada eu tive um trabalho. Liguei para o Ricardo e ele concordou em ajudar.
Alvo: Um zé-ninguém que não pagava suas dívidas com a milícia. (sim, a milícia também nos contrata)

Fizemos o serviço sem barulho. Ricardo tem a péssima mania de ficar olhando as coisas dos defuntos. Não encosta em nada, mas fica olhando as fotos, o jeito que a roupa foi passada.. Tenho medo dele.
Eu estava na sala quando ouvi o Ricardo me chamar. Achei estranho... O Ricardo era quase mudo. Corri pelo corredor e parei na frente de um quarto.
Encontrei-o segurando o pescoço de uma garota, espremendo-o contra a parede do quarto. A garota gritava e esperneava. Não pude ver o rosto dela, e ela não me viu.
Peguei um cabo de vassoura que estava no corredor e bati na desgraçada. Ela desmaiou, caiu no chão. Levou metade do cabo de vassoura com ela. Olhei para o meu comparsa, ele estava acoado do outro lado da parede. Uma cena que nunca achei que veria.
-Tudo bem? -perguntei.
-Ela me mordeu!
Olhei para a mão dele e vi um fio de sangue escorrendo.
-Precisa ir para o hospital?
-Não. -disse ele.
Ele se aproximou da garota e colocou a mão no pescoço dela.
-Está morta? -perguntei.
-Está fria...
-Já?!
Me abaixei, encostei na pele dela e concordei: estava fria. As veias eram escuras, a pele extremamente pálida. olhei no rosto dela, o buraco que eu tinha feito com o cabo de vassoura parecia estar menor...
-Vamos sair daqui. -disse ele.
Concordei. Saímos quase correndo, pegamos o carro e fomos para um bar.
Pedimos duas cervejas, ficamos em silêncio um tempo. Eu notava que Ricardo estava com dor na mão, ele não falava, mas eu sabia. Não iria insistir para levá-lo a um hospital, ele não iria.
Um tempo depois cada um foi para seu canto.

Na manhã seguinte, acordei com o celular tocando. Trabalho? A essas oras da manhã? Atendi.
-Alô?
-Acha que aquela menina poderia ser uma vampira?
-Você bebeu, Ricardo?
-Passei a madrugada pesquisando.. Você viu os olhos dela?
-Não.
-Eram vermelhos, cara... Vermelhos!
-Estava com conjuntivite. Pronto, caso resolvido. -eu estava com sono.
Ele desligou.
Temperamento forte.

Não consegui mais dormir. Decidi ligar de volta para o Ricardo. Não atendeu.
Liguei várias vezes, fiquei preocupado. Fui até o apartamento dele, abri a porta com um chave de segurança. (eu havia roubado dele) Entrei anunciando minha visita.
Quando cheguei no meio da sala, o vi caído no chão. Corri até ele. Ele não respondeu, mas estava vivo. Liguei para a emergência.

Anoiteceu e eu ainda estava no hospital. Um médico veio falar comigo.
-Você é parente dele?
-Não. Sou amigo, o único que ele tem.
-Ele está em coma.
-Por que?!
-Não sabemos.
Depois dessa resposta, eu senti medo. O médico começou a fazer uma série de perguntas, nas quais eu não sabia responder a maioria. E a cada segundo eu achava que tinha alguma coisa estranha com aquela menina."

5 comentários:

  1. Mew adorei!! Queria uma continuação.. *------* Aposto que quem ler também vai querer uma continuação.. =D

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  2. Bem que tu poderia dar continuidade a história.
    Quero saber o final!

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  3. Como já disse o pessoal, falta um final né? Não um nosso, um final seu...

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  4. Conto Surreal? Conto surreal é assim, um faz o começo, outro o meio e um outro o fim.

    Parte I saiu, próximo faz o II

    Abraço

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