segunda-feira, 25 de julho de 2011

Dia do Escritor pede uma história, né?

hoje é dia do escritor, então... os leitores merecem um pequeno conto, né?
(o "pequeno" foi irônico, ok?)
Espero que gostem \o




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Novembro de 1998.
A senhora andava com seu cachorro pela rua. A chuva e as lágrimas se misturavam em seu rosto. Passavam das duas da manhã, mas ela não ligava. Precisava sair de dentro de sua própria casa... Não aguentava mais o marido lhe dizer que não podiam ter filhos por sua culpa. Ela não era a culpada... Não era. Tinha certeza.



Mas e se fosse? E se o marido a deixasse por conta daquele problema? O que faria?
Seu cão parou de andar um segundo. Levantou o focinho e farejou o ar. Ela enxugou as lágrimas e puxou a coleira para que o cão andasse. Ele travou as patas no chão e começou a rosnar para uma caçamba.
- O que foi garoto?
O cão continuou rosnando. Talvez fosse um gato... Ou talvez aquele cachorro velho estivesse ficando louco de vez. Estava curiosa. Ela se aproximou da caçamba e olhou para dentro, procurando o que faria o cão ficar daquele jeito.
Havia muito lixo ali, e no meio de todo o entulho um pano branco cobrindo alguma coisa. Ela puxou o pano lentamente com uma das mãos, enquanto a outra segurava a corrente do cão com força.
Terminou de puxar o pano e assustou-se com o que encontrou. Deu alguns passos para trás, olhou ao redor e voltou a se aproximar da caçamba. Era um bebê.
O menino estava nu, com apenas aquele pano branco lhe servindo como abrigo. Tinha cabelos pretos e olhos claros, pele morena clara e estava em silêncio, sem chorar...
Ela olhou ao redor mais uma vez. Como alguém deixaria um bebê tão lindo ali, sozinho?
Inconscientemente deixou o cão fugir... Pegou o bebê no colo e passou a mão no rosto delicado da criança. Levaria-o para casa.

A criança foi adotada pelo casal, que decidiu nunca lhes contar o a verdade. Leandro tinha sido registrado com o nome dos pais adotivos e criado da forma que lhe foi imposta.
Eram uma família normal, sem muitas novidades... O pai trabalhava em uma oficina mecânica da vizinhança, a mãe limpava a casa de algumas senhoras... Mas Leandro não ligava muito para a simplicidade que os pais lhe impunham.

Aos 22 anos ele ainda não tinha emprego e vivia saindo com os amigos para a bebedeira semanal. Os pais já haviam proibido o filho de sair com aquele grupo, mas aquilo não o impedia de absolutamente nada. Todas as sextas feiras eles saíam por volta da meia noite e voltavam quando o sol estava prestes a nascer.
Naquela sexta feira não foi diferente. Leandro abriu a janela do quarto e esgueirou-se para fora. Abriu o portão com cuidado para não fazer barulho.
Quase ninguém andava pelas ruas àquela hora da noite. Ele e os amigos se encontraram na mesma praça de sempre. Aquela noite era especial... Era seu aniversário.
A primeira coisa que seus olhos identificaram foi Brenda, a única garota do grupo. Era linda... Em seguida seus olhos depararam-se com um pequeno bolo com uma vela encima. Um dos amigos fumantes pegou o isqueiro e ascendeu-a.
Os amigos começaram a cantar parabéns, como faziam em todos os aniversários dos integrantes do grupo. Assim que terminaram Leandro molhou a ponta dos dedos com saliva e apagou a vela apertando a chama. Um deles tirou uma faca do bolso e entregou-a à Leandro.
- Faz um pedido. -disse a garota.
Leandro olhou-a por longos instantes. Sentia algo por ela... Não sabia explicar o que era. Uma admiração excessiva, que o fazia dormir e acordar tendo-a em sua mente. Ele cortou o primeiro pedaço e entregou a ela. Repartiu o resto do bolo entre os amigos.
- temos uma surpresa pra voce. -disse um deles.
- o que é?
- uma festa descente.
- mas... -disse ele.
- chamamos um pessoal das outras cidades para aquela casa abandonada, sabe? Já está todo mundo lá.
- como fizeram isso? -riu.
- fizemos uma vaquinha com eles e deu tudo certo. Agora... Vamos, porque senão vamos chegar atrasados.


A festa não era nenhuma maravilha, mas para quem estava acostumado a passar o aniversário à Vodca e bolo do mercadinho, aquilo estava sendo mais do que perfeito.
Música alta, bebida, gente bonita e ninguém vindo reclamar. Aquela casa era abandonada exatamente pelo motivo de ser muito afastada.

Leandro sentiu a cabeça doer. Será que já tinha bebido demais?
Ele foi até o banheiro e colocou a cabeça debaixo da torneira, deixou a água correr pelo rosto e molhar seus cabelos. Olhou-se no espelho e sentiu algo estranho.
- Ah! Aí está você! -disse um amigo entrando- tem umas gatinhas procurando por voce.
- Não estou a fim.
- Como assim cara?!
- Não estou...
- A gente foi buscar essas malditas em outra cidade e voce vem me dizer que não está a fim?
- Não enche, cara. Não estou muito bem.
- Isso é desculpa sua. Ta amarelando, Leandro?! Faz aniversário e fica boboca? Qual é o seu problema, seu lesado?!
- Pela ultima vez: Não enche. -disse mais uma vez abrindo a torneira.
- Não! Pela ultima vez digo eu...! Vamos lá pra fora e melhora essa cara de merda!
Leandro colocou a mão sobre a torneira e apertou-a com força, amaçando o registro de ferro. Voltou-se para o rapaz que o perturbava e antes que pudesse fugir.
Leandro colocou a mão sobre o pescoço do rapaz e ergueu-o, sufocando-o aos poucos.
- Me... Solta...
Leandro apertou o pescoço com mais força.

Passos se aproximando. Leandro continuava segurando o rapaz pelo pescoço, agora via a agonia em seus olhos.
- Leandro? Solta ele! -disse um conhecido.
Leandro lançou um olhar furioso para o entrometido, que correu de medo.
Ele afrouxou a mão e deixou o corpo cair aos seus pés. Ele respirou fundo e sentiu o cheiro do sangue que escorria pelo nariz do defunto.
Agora vários pares de passos se aproximavam. Leandro olhou para a porta e viu várias pessoas olhando-o. A garota abriu caminho por entre a pequena multidão e levou a mão ao rosto.
- O que você fez?
Leandro deu alguns passos para trás.
- Chamem uma ambulância!
Um deles abaixou-se ao lado do corpo e colocou a mão na jugular, procurando sinais de vida.
- Não adianta mais...
- Você o matou!
- Não, eu não... -disse Leandro dando mais alguns passos para trás.
- Vamos pegá-lo e entregar para a polícia! -gritou um.
- Não! Vamos pegá-lo e dar nosso próprio jeito! -disse outro.
Leandro olhou ao redor e viu uma janela. Sem pensar duas vezes ele pulou, quebrando os vidros e caindo para fora. Levantou-se e começou a correr em direção à mata fechada que cercava a casa.

Enquanto corria, olhava para trás e via as lanternas se aproximando. Ele parou e respirou fundo. estava passando muito mal... Uma dor que antes era sutil, agora o derrubava no chão. Ele evitou gritar para não chamar a atenção dos amigos que o caçavam. Ele olhou para as mãos e viu as unhas crescendo, os dedos se unindo... Os olhos percorreram o braço e viram pelos cobrindo-lhe como um manto protetor... Os olhos começaram a ver tudo esverdeado, fazendo a noite não ser tão escura.
estava com raiva... Não sabia exatamente do que, mas estava com muita raiva e alguém teria que pagar por aquilo. O cheiro do sangue do morto ainda infestava suas narinas e intoxicavam suas ideias.. Precisava de mais!

Ouviu passos quebrando gravetos secos.
Ele levantou-se por impulso e viu uma garota... a garota que gostava... Estava sem controle de si mesmo. Correu para cima dela e derrubou-a no chão. Num movimento arisco uma de suas patas rasgou-lhe o peito. Ela olhou a fera a sua frente e caiu de joelhos. Logo depois ela estava no chão. A fera aproximou o focinho da ferida causada por seu ataque... O cheiro... O maldito cheiro...
Mais gravetos estalando. Sentiu as orelhas levantaram-se e pressentirem a presença de mais pessoas. Ele correu em linha reta, fugindo, deixando a refeição para trás.

Correu por um bom tempo, até que chegou a um pequeno lado. De alguma maneira, Leandro tinha picos de consciencia... Caminhou até o lago e, sob a luz da lua cheia, encarou seu reflexo: Uma fera enorme, com dentes que escapavam-lhe a boca e pelos que o escondia nas sombras.
Lembrou-se da garota caída no chão... O sangue que lhe escapava pelo corte no peito... O cheiro da morte... Ele olhou para lua e uivou, era hora de buscar mais.




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Espero que tenham gostado do meu improviso.
Escrevi sobre lobisomens porque sonhei com essas criaturas essa noite...
e como estava sem ideias, fui inspirada pelo sonho mesmo.
(eu e meus sonhos bizarros).

Parabéns a todos os amantes das letras.
Hoje fizemos progresso.

7 comentários:

  1. Cara! voce escreveu isso?! Demais!
    por que nao escreve um livro?
    adorei!

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  2. eu que escrevi sim *0*
    valew..

    na verdade eu estou construindo uma história, néh.. talvez um dia eu a publique.
    LOL

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  3. Sempre soube que escrevia bem, que tinha boas idéias e discernimento, mas não imaginava tanto.
    E teu improviso, parece que já tinha a história pronta há tempos.
    Parabéns Gabi e um dia quero um livro autografado, rsrs

    Beijo e boa semana!

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  4. Tem potencial mesmo pra um ótimo livro, e hein se publicar quero um com autógrafo na capa ainda hein rs, beijos!

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  5. aanw obrigada gente.
    com certeza vou autografar o livro de vocês *0*
    tenham a certeza disso.

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  6. Sonhos podem ser vistos, com presságios, inclusive meu amigo está tendo presságios ultimamente vindos dos sonhos dele. Bastante interessante. Agora a Gabi foi muito fods, você ter feito tudo meu, parabéns, você têm uma coisa que me falta, imaginação, perdi maior parte dela a um tempo, logo eu um RPGista Ç.Ç
    E sim, também vou querer meu livro autografado por ti garota, bessos Gabi

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  7. Sempre q escrevemos no improviso saem coisas assim.
    Ficou ótimo o conto
    Parabéns Gabi ;D

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