segunda-feira, 7 de junho de 2010

sinto falta da minha clara

No ano passado (2009) aconteceu uma coisa muito triste no natal.
Entrou ladrão na minha casa e mataram minha cadela, minha querida Clara.

Eu e minha familia sempre passamos o natal no sitio, e no ano passado não foi diferente.
Não levamos a Clara porque ela dava trabalho no sitio, era muito doida mesmo.
então, como sempre, a deixamos em casa.

No dia em que voltei, a primeira coisa que vi quando estav descendo a rua foi um amontoado de gente na minha calçada. Eu pensei: Ahhh, gente q num tem oq fazer.

aí a gente parou em frente à calçada e a vizinha disse exatamente assim:
"Gabi, tenho uma coisa chata pra te falar. Sua cachorrinha morreu."

Ela disse tão na lata, que nem raciocinei na hora. Meu pai saiu do carro e entrou em casa. Uns segundos depois minha ficha caiu: Minha Clarinha tinha sido morta! eu comecei a chorar no meio da rua, mas eu não queria chorar ali.. no meio dos vizinhos, no meio da rua, no meio daquilo tudo, não queria mostrar a minha fraqueza em meio toda aquela gente.. Então, eu quis entrar pra casa, mas minha mae não deixou. Afinal, sabe-se lá em que estado estava a cachorra, né? poderia ser algo que me chocasse profundamente, então.. eu entendi aquilo e ali eu fiquei; encostei na porta do carro e comecei a chorar mais ainda. Eu não estava chorando alto, não estava fazendo um barulho... Só que a quantidade de sal mineral que eu perdi na rua por causa daquelas lagrimas vai me fazer falta até quando eu tiver uns 30 anos.
Passou mais uns minutos e minha mae também entrou, ela estava bem nervosa; não tanto quanto eu..

segundo o que eu ouvi ela contando pras pessoas durante uns dois meses, ela entrou em casa e viu meu pai agachado do lado do corpo de cachorra; aí ele olhou pra minha mae, minha mae olhou pra ele... Bom, enfim.. aí eles colocaram o corpo da cachorra na minha lavanderia, pra eu passar e não ver.

Enquanto isso, eu continuava na rua; e as bostas das minhas vizinhas ficavam falando, sabe? como se a palavras delas fossem me confortar. eu tava quase partindo pra cima de uma e batendo tanto, tanto.. até eu ver sangue! Mas, pra sorte delas, minha mae chegou e disse que eu podia entrar. eu fui...
tem um espaço em branco na minha memória; eu me lembro de eu estar na garagem e logo depois no corredor do meu quarto. Não lembro de ter passado por onde ela morreu.
Eu deitei na minha cama, e minha mae ficou nus dois segundos do meu lado e disse:
"Posso fazer alguma coisa pra vc?"
"NÃO!" - a minha resposta me assusta até hoje, afinal, ela não teve culpa.

Bom, eu chorei muito... muito... MUITO. Quando eu já tinha me convencido de que não adiantava chorar, que ela tinha morrido e já era; eu levantei acendi a luz e me olhei no espelho. Sério, me assustei. Parecia que tinha estourado uma veia nos meus olhos... Nunca vi meus olhos mais vermelhos do que naquele dia.
esperei mais alguns longos minutos até meu olho melhorar, e então eu desci.
Não ousei abrir a boca pra falar sobre o assunto, sabia que ia comear a chorar denovo.. E eu odeio chorar.

Naquelas horas que eu passei com a cabeça debaixo do travesseiro, eu adquiri um ódio tremendo em relação aos caras que tinham feito isso com ela. se um dos cars aparecessem na minha frente, eu matava. Não é sarcastico nem de brincadeira. To falando sério, eu matava. Eu nunca tive um ódio tão grande por ninguém na minha vida. Eu sei que um erro não justifica o outro, mas eu queria sentir o gostinho de ver a luz deixar os olhos daqueles caras. sei que só pelos meus pensamentos daquele fim de tarde, eu mereço um pedacinho do inferno. Mas... fazer oq.

As pessoas queriam vir me visitar, pra me consolar. E eu não queria ser consolada. Não há consolo para alguém que perde um cão que conviveu 8 anos! Não há como as palavras entrarem na cabeça.. Não há razão na emoção, não há... E eu estava extremamente agressiva naqueles dias. Tive medo de mim mesma, as pessoas nem tocavam no assunto.

um fato que merece ser mensionado: Uns dois dias depois eu não chorava do nada, mas se alguém me falasse: "Clara", eu chorava. Aí minha vó foi em casa, com meu tio coisa e tal... aí tava minha mae do lado de fora contando oq aconteceu pra minha vó e minha priminha tava escutando. Aí quando ela entendeu que a Clara tinha morrido, ela entrou em casa correndo e disse assim pra mim: "GABI! SUA CACHORRA MORREU!" - como se eu não soubesse. Não precisou falar mais nada pra eu começar a lacrimejar denovo. Eh, primos! vcs são soda!!!

Tive de ouvir essa historia umas 30 vezes, pq minha mae tinha que contar pras pessoas, eu eu ouvia...
Até hoje, eu não sei onde eles a enterraram.. não quero saber. Se eu perguntar vou começar a chorar denovo, e isso não é legal.

Voltando aos ladroes: eles entraram no quintal, mas não na casa. Pq minha vizinha viu que a Clata estava muito quieta, e foi dar uma olhada aqui em casa.. e viu os dois caras. então, os caras sairam correndo.

Quando eu era pequena, a Clara ainda tinha uns dois anos.. Eu pensava de noite antes de dormir o que ia ser de mim quando ela morresse. Acredite você ou não, só no simples fato de pensar na morte dela, eu já chorava. Lógico, eu era uma criança com seu primeiro cachorro, tinha o direito de chorar antes de dormir e pedir a Deus que a não levasse tão cedo (preocupação de criança).

Eu acho que cada pessoa tem um cachorro que diz: Esse foi o meu cachorro. Aquele único cão, aquele animalzinho que nós tanto amamos, auqele animal que nós sempre amaremos, mesmo apos sua morte.
E esse cão, eu dei o nome de Clara.

Um comentário:

  1. putz, é tenso mesmo. qndo eu era pequena, eu ganhei um cachorro chamado Puff. ele tinha nascido 1 mês depois de mim. qndo eu fiz 10 anos, ele morreu de velhice. ele era o meu melhor amigo. chorei muito no dia que ele morreu. mas pensei q até foi melhor pq ele foi pra um lugar mt melhor e vai descansar em paz agora :)

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