Quando eu era
criança, gostava muito de assistir os desenhos que passavam de manhã no SBT.
Pra falar a verdade, se hoje em dia eu tiver um tempinho livre, estarei
assistindo desenhos. Não qualquer desenho.
Odeio Bob Esponja e nunca fui grande fã de Dragon Ball (não me julguem!).
Havia um
desenho que eu considerava (e ainda considero) como o melhor e mais marcante da
infância: X-Men: Evolution. Eu chegava em casa correndo, tirava o uniforme,
pegava o almoço e corria pro sofá. A correria era tão precisa que na maioria
das vezes eu chegava exatamente na abertura do desenho. Uma sensação de poder
se apossava da mini-eu.
Essa
garotinha que cresceu assistindo X-Men pensava se aquilo era mesmo um desenho.
E se a ideia fosse um desenho para capitar a atenção das crianças e abrir os
olhos delas? E se o “gene X avançado” fosse apenas uma metáfora para o gatilho
que libertasse nossos poderes? E se o cara que fazia aquele desenho na verdade
fosse o Professor Xavier de verdade? Tudo fazia sentido!
(Uma questão: O "X" em "X-Men" vem de "gene X avançado" ou vem do nome do dono da instituição (Xavier?). Será que o Xavier representa o gene X avançado? Mistéérrios que cercam minha infância).
Tendo isso em
mente, eu era uma criança estranha (ou talvez o oposto seja melhor: eu era uma
criança estranha por ter isso em mente). Eu tentei várias vezes fazer com que
meus poderes se manifestassem. Tentei mover objetos, ler mentes, tentei fazer
com que minha mente fosse lida, tentei controlar cada um dos quatro
elementos... Não rolou.
Anos depois
eu continuava com as ideias de seres humanos avançados. Eu deveria ter meus 13
ou 14 anos quando comecei a pesquisar sobre “crianças índigo” na Wikipédia. Depois
comecei uma onda de viagens no tempo e John Titor. Não contente, com maus 16
anos (e à beira do suposto fim do mundo em 2012) eu comecei com umas teorias
sobre o fim do mundo (não quero entrar na questão, mas acredito que entramos em
uma nova fase da Humanidade, então
nosso mundo pré-2012 acabou sim).
Quando eu fiz
17 e sobrevivi ao fatídico 21/12/2012, arranjei novas maneiras de ocupar a
mente. Adquiri um hábito muito interessante: em todas as férias escolares, meus
horários voltam a ser mais noturnos que diurnos e eu gasto horas pesquisando assuntos na internet. Desde o funcionamento de
buracos negros até experiências nazistas do Anjo da Morte (dediquei um bom
tempo a esses dois assuntos, por exemplo).
Entrei numas
ondas doidas de maçonaria (não no sentido conspiratório, e sim por respeito aos
maçons). Comecei a ler mais livros e gastar mais tempo pesquisando sobre
religiões antigas. Além disso, durante as férias me dedico a escrever meus
contos e romances.
A criança que
pensava que X-Man era, na verdade, uma mensagem para as crianças se libertarem
de suas próprias mentes evoluiu e (risos) continua achando que existem seres
humanos mais evoluídos por aí. Não sei se eles podem voar, atravessar paredes
and shit; mas acho que existe alguma coisa.
Estamos num constante processo de evolução. Nossa espécie é dominante no mundo justamente por isso. Eu, você e todos os outros somos a prova disso. Nossos polegares opositores nos lembram disso a todo momento.
Então por que
parar a evolução por aí? Ao meu ver, milagres podem ser feitos por humanos mais
evoluídos. Jesus, maybe?
Como sabemos
se o filme Lucy não tem lá certa razão? Não que você vai comer cocaína e usar
100% do seu cérebro (ou talvez use, na sua concepção). Mas como vamos saber se
ao evoluirmos não nos tornaremos uma espécie de Deus?
Como saber se
os deuses não eram/são seres humanos evoluídos? Os teóricos dos Antigos
Astronautas oferecem bons argumentos para esse pensamento. Talvez esses humanos
tenham gerado e conduzido a vida na Terra. Talvez eles sejam de fora desse
planeta (dessa galáxia, dessa dimensão). Talvez eles sejam nossa própria
espécie do futuro que viajou para o passado.
“Ah, isso é
besteira”. Você tem provas pra dizer o contrário? Não. Eu também não tenho
provas pra afirmar qualquer outra coisa. Questionar, na minha opinião, é o
Santo Graal de nossa existência. Questionar faz com que a gente evolua.
E, segundo
esse pensamento, como saber se somos reais? Descartes disse que “penso, logo
existo”. Não acho essa explicação suficientemente boa. Eu aposto que milhares
de pessoas pensam nisso por dia e a grande maioria delas aceita essa frase
famosa como resposta. Meu professor de Filosofia do Ensino Médio disse que
cogitar a possibilidade de não sermos reais já é uma prova da nossa realidade.
Em um sonho, nós não questionamos a realidade e SE fizemos isso, vamos acordar.
E os sonhos
lúcidos? Em mais um dos meus “experimentos de férias” mais recentes, tenho
trabalhado com isso. Até o momento meu progresso foi ridículo (não me esforcei
muito, mas enfim), mas a proposta é justamente se opor à falta de consciência.
Controlar um sonho sabendo que
trata-se de um sonho é digno de um deus.
Então, volto
a dizer: como sabemos se isso é real? Como saber se os outros são reais? Será
que tudo isso faz parte do Show do Truman? Taí outra coisa que eu pensava
quando era pequena.
Existem outros eus? Realidades paralelas? O que é o deja vu? Já acreditei que os deja vus eram o momento decisivo em que fazíamos novas realidades. Escolher fazer ou não determinada coisa gerava uma duplicidade de mundos (em um você fez, no outro você não fez). E cada mundo tem a oportunidade de gerar novos deja vus. Hoje em dia não acredito nisso. A "falha na Matrix" parece ter mais sentido que essa teoria louca.
Acredito em realidades paralelas, mas acredito que é um número limitado delas onde apenas grandes feitos são alterados. Talvez a segunda guerra não tenha acontecido em um, enquanto em outra nós já estamos em um cenário pós-apocalíptico.
Outra coisa que mexe com minha cabeça é o "tempo". Na minha opinião, trata-se de uma "energia/força/sei lá" que ainda não entendemos verdadeiramente. Está aqui, nós sabemos medir... Mas é como a gravidade antes de Newton e sua maçã. Eu acho que viagens no tempos são uma certeza no caminho da evolução.
Já assistiram Interestelar? É um dos melhores filmes do mundo. Sério.
Por que
existimos? Por que temos emoções? Por que nós? Se somos tão evoluídos, como
nossa sociedade é tão desorganizada? A desorganização é proposital? Existe alguém que mantém o mundo? Seriam 13 Grandes Famílias? Seria alguma espécie de Deus? Até mesmo formigas são mais organizadas, por que? Somos ensinados ou nascemos assim? A
consciência é oposta ao instinto? O instinto é sinônimo de razão? Ou seria
sinônimo de emoção? Sendo assim, a consciência é oposta à razão e/ou emoção?
Seriam as três coisas opostas ou complementos?
Um bebê nasce
sabendo que precisa mamar. Instinto. Nós ensinamos a falar. Razão. Ele chora.
Emoção. Estamos criando esse filhote de uma maneira certa ou errada? Será que
ele deveria viver como o Tarzan, à base de instinto? Será que ensinar é
corromper?
Acredito que
conhecimento traz tristeza, mas nos deixa mais próximos de... “algo”. Não sei o
que é, mas costumo dizer que não se nega conhecimento a ninguém. Ao meu ver,
conhecimento é uma das coisas primordiais de nossa espécie. Temos um cérebro
desenvolvido, então seja por culpa da evolução ou de Deus, precisamos usar o
que nos é oferecido (ou o que alcançamos).
Estive lendo
um livro em que os protagonistas tiram um tirano do poder. Esse tirado diz ser
Deus. Os protagonistas então começam um dilema sobre estar fazendo o bem ou o
mal. Não sou religiosa, só pra deixar claro. Nem monoteísta eu sou, mas pensem
comigo: Se Deus (o da Bíblia cristã) faz tudo porque quer, então não deveríamos
ajudar outras pessoas, certo? Se Ele fez a pessoa cair no chão, quem sou eu
para ajuda-la a levantar? Se Ele fez uma criança passar fome, quem sou eu pata
dar comida? Se damos comida a essa criança, estamos fazendo o bem ou o mal?
O que é o bem
e o mal?
Eu não acho
que os deuses estejam no controle total de nossas vidas. Elaborei uma teoria
inspirada no “Ka” egípcio. O Ka é nossa sombra. Tudo tem um Ka; desde uma pedra
até uma pessoa. O Ka aparece quando nascemos e fica conosco até morrermos.
Nossa sombra é, na verdade, parte dos deuses e quando morrermos, ela volta para
a “morada celeste”.
Basicamente,
meu pensamento consiste em: parte dos deuses está conosco o tempo todo. É nossa
sombra e está conosco em todos os momentos de nossa vida, então um pedaço dos deuses nos acompanha o
tempo todo. Essa “centelha celeste” não vai te defender de um bandido, mas vai
acompanhar seus movimentos se você o fizer. Seu Ka não é nem bom e nem mau. Ele
é o que você fizer dele. Entende a metáfora?
Eu SEI que a
sombra é uma coisa física, mas a questão é a metáfora envolvida. Os cristãos
poderiam dizer que somos acompanhados por anjos da guarda, mas eu digo que
somos acompanhados por nossos Ka. O anjo da guarda é bonzinho e te defende do
mal. O Ka é você. É basicamente um “apoio moral” que os deuses te dão. Imagine
Hórus dando um tapinha nas suas costas e dizendo: “Tamo junto, mano!”.
Se você dizer
que um pedaço de um deus com cabeça de gavião está te acompanhando 24 horas por
dia durante todos os seus dias de vida, duas coisas podem acontecer: a) você
pode ser exorcizado por aquela tia crente. b) sua família marca consultas com o
psiquiatra.
Então, volto
a dizer: o que é bem e mal? Seu anjo da guarda é bonzinho, seu Ka é o que você
quiser. Contrariar Deus é errado, mas ajudar alguém que está na merda é certo.
Ao meu ver,
nós somos o que nós fazemos de nós mesmos. Somos o que queremos ser. Não tem
essa de guerra entre o bem e o mal. A coisa é mais pra ying e yang. Temos que
fazer o bem se acharmos certo, não se algum deus mandou. Temos que ensinar um
bebê a falar se julgarmos certo (se não quiser, o conselho tutelar vai cuidar
disso). Temos que fazer o que queremos que seja nosso Ka.
Nós somos nosso
Ka ou nosso Ka somos nós?
Depois de
toda essa reflexão de madrugada de férias, ainda não respondemos: como sabemos
que somos reais? Como sabemos que X-Man não era realmente um plano do Professor
Xavier da vida real? Como podemos cogitar a possibilidade de ter alguma
certeza?
Obs: o texto acima foi escrito ontem, umas quatro da manhã.
Obs2: não houve consumo de drogas lícitas ou ilícitas.
Obs3: O texto começou como uma crônica, mas perdi o controle.
Show. Muito bom...
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