Pois bem. Hoje eu esqueci meu livro em casa (na verdade
esqueci de pegar um novo porque terminei um ontem). Precisava gastar meu tempo
de alguma outra maneira.
Abri o meu blog e comecei a ler textos aleatórios de 2011.
Não demorou muito para que eu começasse a encontrar comentários que eu nunca
tinha lido e que me motivaram bastante.
Pois bem... Vocês comentaram, vocês me motivaram. Escrevo
para fantasmas anônimos. Isso é tipicamente Pânico Psicótico.
Então, senhoras e senhores... Fantasmas que me rodeiam,
pessoas sem face e com um bom coração (na maioria das vezes).
Hoje ajudei um cara da Romênia. Eu estava na linha vermelha do
metrô lendo um livro. Estava quase chegando na Sé quando resolvi parar de ler e
voltar à realidade.
Há poucos metros estava um grupo de argentinos. Eles fizeram
amizade com um grupo de brasileiros e conversavam sobre futebol (claro).
Enquanto isso um rapaz de camiseta preta estava com um mapa dobrado nas mãos.
Gringo perdido.
Fiquei observando-o por alguns instantes. Ele estava com uma
mochila gigantesca nas costas e sua camiseta estava para dentro da calça jeans.
Com certeza ele não era daqui. Os olhos claros olhavam para o mapa da linha
metroviária a cada segundo. Estava perdido, fato.
Mesmo assim dei uma chance para que ele se orientasse
sozinho. As portas da estação Sé se abriram e eu sai. Esperei alguns metros
dali o rapaz (falo como se ele fosse mais novo que eu, mas deveria ter uns 8
anos a mais). Ele saiu olhando para os lados, claro.
─ Você está perdido? ─perguntei.
─ Eu não falo port...
─ Are you lost? ─sorri.
Eu vi os olhos do gringo darem graças aos deuses naquele
instante.
─ Where are
you going? Maybe I can help you.
─ Big Market!
Contei essa história para pouquíssimas pessoas. Todas não
entenderam o “Big Market”, mas na hora eu entendi o que ele queria dizer. Todos
os turistas (gringos ou não) querem visitar o Mercado Municipal de São Paulo...
Também conhecido popularmente como Mercadão (entendeu? Mercadão, Big Market)
Expliquei pro cara que eu poderia ir com ele até metade do
caminho e nos pusemos a descer as escadas para a linha azul. Meu inglês anda um
pouco enferrujado, então me desculpei por não falar tão bem quanto eu gostaria
e perguntei de onde ele era.
Não era Americano, com certeza. Não era Canadense, com toda
certeza... Eis que o homem me diz que é da ROMENIA! Mano, o lugar é muito
longe! Ele todo educadinho perguntou se estava me atrapalhando. Falei que eu
trabalhava ali perto e ele, todo interessado, quis saber o que eu fazia.
Falei que estudava jornalismo e que trabalhava no ramo. O
cara ficou tipo: UOW. SUCH A JOURNALIST. MUCH CLEVER.
Falei que ele poderia visitar a Praça da Sé (não sei o que
os turistas querem ver lá, mas enfim...) e a 25 de Março. O cara respondeu que
não podia ver lojinhas porque se comprasse muita coisa, não caberia na mala
dele.
Ele estava fazendo um mochilão. Tudo que ele tinha estava
ali, nas costas. Por um breve momento eu o invejei. Ele estava em um país longe
pacarai, não falava nada além de “Obrrrigado” e “Eu não sei falar puórtugês”.
Por um momento eu quis dizer “Moço, espera aqui que eu já
venho com a minha mala”.
Chegou o momento de nos despedirmos. Ele subiu as escadas e
eu fui reto. “Bye”. Nem tive tempo de desejar boa sorte.
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