Não esteja no mesmo lugar que as
pessoas que convivem com você.
Por quê? Ok, vou explicar aos poucos.
Hoje de manhã eu estava no carro com minha mãe. Estávamos
numa ruazinha que só passavam dois carros. Para ajudar ainda mais o trânsito,
tinha um caminhão da prefeitura recolhendo uma pilha de lixo que tinha na
esquina. Havia um carro vindo na direção oposta. Minha mãe encostou e esperou
que o cara passasse primeiro.
Mas então um caixote de madeira caiu do caminhão e ficou no
meio do caminho do carro. Eu abri a porta (sai de meu lindo e belo ar
condicionado) e corri até lá para tirar o caixote pro cara conseguir passar.
Tirei o caixote o mais rápido possível (porque outra coisa
poderia cair na minha cabeça. we never know). Ao passar por mim, o cara
agradeceu e todos vivemos felizes para sempre.
Beleza.
Vamos a outro tópico: minha língua de tapete. Eu acho que
não sei mais conviver em sociedade. Não consigo mais manter minha língua atrás
dos meus dentes. Eu preciso fazer um
comentário inflamado, pingando sarcasmo... Preciso corrigir aquele pleonasmo e
aquele horrível “mim + verbo”.
Ou seja: quando estou com os conhecidos, acabo sendo aquela
prima chata que toda família tem. Eu não gosto de crianças correndo e gritando
perto de mim, não gosto de ouvir o que aconteceu com a Aninha, irmã da tia do
vizinho da veterinária do cachorro do filho do Tio Alberto.
Pode acreditar que quando chegar em casa, o Tio Alberto vai comentar com a Tia Josefina: Nossa, você viu como a Gabriela está ignorante? Essa menina não é de Deus não.
Mas se eu não estou no recinto, qual seria um provável começo
de assunto? “Nossa, hoje a Gabriela fez um negócio tão legal por um
desconhecido...”. E ali começam a falar sobre como eu leio muito, como sei
falar de tudo um pouco, sobre como gosto de escrever, sobre minha bondade,
nobre bondade... Eu praticamente sou arrebatada por Deus quando eles começam a
falar essas coisas.
(você é arrebatado por Deus quando se torna um ser humano
perfeito. ACHO que a Bíblia fala de dois caras que foram arrebatados. Ficaram só
as roupas.)
Agora, vamos abrir esse leque. Em vez de uma simples reunião
de família que preferi ficar em casa comendo azeitonas, vamos pensar em uma
viagem muito longa.
Há um ano você não vê seus familiares e amigos. Tenha certeza
de que duas coisas podem acontecer: ou eles se mudam de Estado e nem te passam
o telefone e endereço novo; OU toda vez que houver uma breve reunião de
família, você será a ovelha mais branca que tem naquela trupe.
Entenderam a lógica da coisa?
Vamos terminar de abrir o leque: o que dizem das pessoas
quando elas morrem? Poucos têm peito de falar mal do morto. “Ah, ele era um bom
pai, gostava da natureza...”. Na verdade o cara espancava o filho e era um madeireiro.
Todos sabemos que isso acontece.
Minha mãe costuma dizer que sou a educação em forma de gente
com os desconhecidos. Talvez eu seja mesmo. Sabe por que? Porque o cara que eu
ajudei hoje vai chegar em casa e dizer: Nossa, hoje uma moça foi super gente
fina comigo.
Hoje fizemos progresso.
Haha, saudades de ler seus textos hilários e sérios ao mesmo tempo, concordo, os mais achegados nos conhecem há bastante tempo e provavelmente sabe tudo de nós, nossos defeitos e qualidades, mas não funciona vc ser uma pessoa boazinha simplesmente para agradar aos familiares, sim, é muito chato isso... Vou lembrar sobre o arrebatamento por um longo tempo, pode crer... haha'
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