quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

642 coisas sobre as quais escrever

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86. Escreva uma carta para um leitor de um romance ainda não escrito.
Prepare-se. Prepare-se para um livro que pode mudar seu jeito de ver o mundo, de viver a vida... Ou para um livro terrivelmente chato. Saiba que o autor teve suas razões para qualquer uma das opções. Os escritores são criaturinhas interessantes que expressam muito por meio de suas palavras. Isso não se restringe aos poemas sentimentais, os romances melosos ou as histórias reais. Cada palavra vem carregada de emoções e sensações. Saiba que escrever sobre o inverno quando se está com frio é mais fácil, escrever sobre comida quando se está com fome é delicioso.
As palavras que você vai ler surgiram de um lugar único. Um lugar que ninguém pode acessar verdadeiramente além do próprio escritor. Ele te passa a história, mas também te dá liberdade para imaginar. Leitor e autor, juntos, formam uma relação única.
Aprecie cada palavra. Sinta cada parágrafo. Chore, ria, feche o livro, jogue-o na parede, volte a ler... Essa história é entre você e o pai ou mãe daquela história. Briguem, se matem; mas sempre termine a história com um beijo de despedida. Algo que de vez em quando você se lembre e suspire.

87. Escreva um status de facebook do ano 2017.
"Acabou a faculdade. E agora?"

88. Liste as maneiras que você faz para complicar a vida.
- Quero estar certa
- Argumento muito
- Não expresso pensamentos/sentimentos mais profundos
- Não aceito muito bem as ordens que recebo
- Sou do contra

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

642 coisas sobre as quais escrever 77-84

Lista completa em http://goo.gl/9KqNJm

77. Com o que você sonhou na noite passada?
Nada especial. Eu estava em uma rua e tinha uma igreja... Aí um padre/pastor/líder religioso dizia que as pessoas só podiam se aproximar por um caminho que ele indicava. Eu ia andando paralelamente só pra ser do contra.
(sim, sonhei com isso na noite passada).

78. A morte é...
...uma parte da vida.

79. Escreva uma história usando estas quatro palavras: lábios, luxúria, lamento e ligado.
Ela estava aconchegada contra seu peito, respirando com a boca semiaberta e cabelos bagunçados sobre o rosto. Seus lábios eram finos, seus cabelos grossos e a respiração leve. Olhá-la dormir despertava pensamentos puros e de luxúria. Ele a puxou um pouco mais para si e sentiu o cheiro dos cabelos dela. Ela abriu os olhos e por alguns segundos o momento mágico permaneceu. Então os olhos se endureceram.
- Que horas são? -disse empurrando cobertas para o lado- Estou atrasada! De novo!
- Fique mais... -ele disse pegando a mão dela.
- Não posso, lamento. -disse dando-lhe um beijo rápido e se vestindo às pressas.
Tentou voltar a dormir depois que ela saiu, mas não conseguia. Levantou-se e foi até o computador que ainda estava ligado desde a noite passada. Precisava arrumar um emprego também.

81. Descreva um momento em que você sinta uma dor física.
Toda fucking time que subo escadas correndo.
Meus joelhos não são lá grande coisa, sabe? Herdei do meu pai uma condromalacia patelar bem chatinha. Há alguns anos isso doía pra carai, mas aí fiz um tratamento doido com injeções no joelho (sim) e melhorei.
Mas não estou curada porque não houve um milagre, não é mesmo? Então às vezes meus joelhos sofrem algumas fisgadas sem nenhuma razão aparente... E quando eu subo escadas correndo, é pedir pra sofrer.
O termo "fisgada" descreve tão bem que deveria estar nos livros de medicina (caso ainda não esteja). Sinto como se o anzol estivesse lá, mas em determinado momento Loki puxe uma varinha e o anzol arranque um pedaço do meu menisco para alimentar Fenrir.

82. Escreva algo sobre o ponto de vista de um personagem literário que mudou a sua vida.
Tyler Durden? Akkarin? Jaime Lannister? Dhiren? Kishan? Edmund, O Justo? Dedo Empoeirado? Bento Francis?
Nããao... Esses são todos as paixões literárias. Um cara que mudou minha vida é o Tiago (de Os Sete, do André Vianco). Quando ele descobriu aqueles vampiros na caixa de prata, eu descobri que ler era a coisa mais incrível do mundo. Escolho o protagonista do primeiro livro que li na vida.
--
Depois que você foge de um grupo de vampiros portugueses, sua vida se torna chata. Gritar na montanha russa, ser assaltado e pular de pára quedas não são excitantes. Tudo se torna terrivelmente... Chato. Agora me sento no sofá e vejo televisão. Os problemas bobos do mundo... Todos vivendo como se nada estivesse acontecendo... Tenho vontade de dar declarações na mídia e ver o mundo abrir os olhos, mas me considerariam um louco. Portanto fico aqui, vendo as manifestações do povo por conta do aumento da passagem de ônibus.
Fico vendo a polícia bater nos manifestantes, vândalos tocando fogo em pneus e a mídia defendendo claramente um dos lados. O que aconteceria se um dOs Sete aparecesse no meio daquelas pessoas? O povo fugiria, o povo os veneraria? Ultimamente penso nisso com frequência. Se existiam Sete, devem existir outros... E onde eles estão? Sabem da minha existência? Se sim, eles vão me caçar?Os assuntos mundanos não me prendem mais que cinco minutos na frente da televisão. Eu não me importo... Que se dane o aumento da passagem de ônibus.

83. Descreva o rosto de alguém que você ama.
Meu pai é branco igual fantasma, o que significa que quando toma sol, ele fica vermelho. O rosto tem cor das várias pescarias que ele vai desde criança. Com suas quase cinco décadas, ele tem algumas poucas rugas em volta dos olhos. Os olhos atrás dos óculos são verdes como folhas, diga-se de passagem. Ele não aceita bem a calvice, então alguns fios de cabelo liso e negro ainda escorrem pela testa. Alguns fios brancos de uns anos pra cá. Ele é sorridente, o que acaba por dar algumas quase imperceptíveis rugas ao lado dos lábios. Ele tem mania de andar com as sobrancelhas erguidas e tem um nariz não muito fino.

84. Por que você gosta desses sapatos?
Na verdade eu não gosto desses sapatos. Ganhei de aniversário há menos de um mês e desde então venho usando. Ele é um all star de couro creme. Ainda está limpo, mas já começou a ficar confortável. Hoje eu saí de casa meio atrasada, então joguei as meias dentro da mochila e calcei os sapatos de última hora. Ele é daqueles que pega seu tendão de aquiles, sabe? Então precisa colocar meia.
Assim que descobri isso, resolvi tirar as meias da mochila. Eu as calcei no metrô.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

[conto] A Chuva



Está chovendo.
Mas não está chovendo normal, não está chovendo simplesmente muito... Acho que vamos todos morrer.

Começou em algum momento da noite de ontem, mas eu não sei quando. Acordei hoje cedinho ouvindo o som das gotas batendo em minha janela e os trovões ecoando pela cidade. Moro em uma cidade grande, sabe? Daquelas que são destruídas primeiro nos filmes de ação e ficção.
Fiquei na cama mais cinco minutos hoje cedo. Fechei os olhos e puxei o cobertor mais para perto e encolhi um pouco as pernas. É algo que faço e imagino que todos os outros seres humanos também façam. Pensei em ficar em casa, ligar para meu chefe dizendo que estava com outra dor de cabeça daquelas... Mesmo em um dia como aqueles, ele não desconfiaria. Minhas dores de cabeça têm se tornado um inferno cada vez mais constante. Então criei coragem e me levantei para enfrentar esse dia escuro.
Tomei meu café olhando pela janela. Estamos no verão e é comum que essas chuvas fortes nos atinjam... Mas não gosto que o dia comece assim. Me arrumei, coloquei meu sapato e abotoei minha camisa. Dia normal.
Entrei no elevador do meu prédio e dei de cara com o vizinho de cima. Ele meneou a cabeça em sinal atual de "bom dia, vizinho!". Ficamos em silêncio enquanto o elevador descia dois, três andares.
- Ouviu os trovões ontem?
Não. Eu não tinha ouvido nada. Durmo como uma pedra depois que comecei a tomar aqueles remédios. Mesmo assim concordei com a cabeça, desinteressado. Não queria bater papo às 6 da manhã.
- Eu nunca tinha ouvido tantos na mesma noite. -continuou o tagarela- Acho que também ouviu minha filha chorando, então te devo um pedido de desculpas.
- Não se preocupe.
- Ela ficou assustada com os trov...
- Não se preocupe. -repeti e coloquei fim à conversa.
Descemos os dois no estacionamento. Minha vaga fica mais próxima ao elevador, então entrei no meu Hyundai e logo me enfiei no estreito corredor que levava os carros para a rua. O portão do prédio se abriu e então eu vi que a chuva continuava forte. A água corria como uma pequena corredeira na sarjeta. Era a primeira vez que eu via uma coisa dessas naquela rua.
Saí com o carro imaginando que algumas pessoas ficariam em casa, então o trânsito poderia estar menos insuportável. Minha ilusão não durou muito. Assim que cheguei à avenida do bairro, tudo estava parado. Demorou um pouco para que eu me aproximasse do acidente que tinha causado todo o trânsito. Um carro batido no outro e os dois condutores discutindo debaixo de uma marquise da calçada.
Continuei meu caminho, mas é claro que a cidade estava um inferno. Xinguei tudo e todos dentro do meu carro, sabendo que tudo e todos não estavam ouvindo. Liguei o rádio para ouvir música, mas o sinal estava terrível. Desisti.
Cheguei no meu trabalho um pouco atrasado. Agradeci aos céus pelo estacionamento da empresa ser no subsolo, portanto eu não precisava tomar chuva. Subi pelo elevador sem ninguém para me encher o saco nos 17 andares que me separava do chão.
Suspirei quando percebi que meu chefe também estava atrasado. Aquele bosta. Se fosse o contrário, ele estaria tamborilando os dedos na mesa, me olharia com aqueles olhinhos de tartaruga e alguma coisa estúpida enquanto olhava para o próprio relógio.
Fui para minha mesa, liguei o computador e coloquei os fones de ouvido. O mundo que se explodisse até a hora de voltar pra casa.



Eram umas 10 e pouco da manhã e a chuva continuava forte, sem trégua, sem descanso. Uma das meninas saiu para almoçar e voltou cinco minutos depois aos berros:
- O estacionamento está enchendo d'água!
Me levantei com um pulo. Não iria perder meu carro... se perdesse, poderia processar a empresa? Talvez não, então era melhor não arriscar. O elevador demorou e quando chegou, estava cheio. Pedi licença e me enfiei lá dentro junto com outros três colegas de trabalho.
- Ah, cara... -resmungava um.
Quando chegamos ao último andar, vi a água. E os carros. E depois um ratinho correndo de um lado para o outro do estacionamento. O lugar estava com quase dez centímetros d'água. Xinguei mentalmente a empresa e afundei meus pés na água há poucos metros.
Liguei o carro e saí para a rua. O mundo estava desabando. As luzes dos postes ainda estavam ligadas e eu dei algumas voltas nos quarteirões próximos até achar um lugar mais elevado. Um rapaz estava na chuva e me indicou uma vaga. perfeito. Estacionei e saí de volta para a chuva.
O rapaz corria em minha direção.
- Quer que dá uma olhadinha?
- Por favor. -eu disse- Te dou uns trocados quando voltar.
Era mentira. Não ia dar nada pra aquele drogadinho de merda. Quer dinheiro? Acorde cedo e trabalhe! Se eu consigo, por que ele não? E outra: se eu dissesse a verdade, ele iria furar meus pneus e riscar a pintura. É verdade. Eu sei disso, você sabe disso e o drogadinho sabe disso. É uma verdade universal. Eu finjo que sou legal, ele finge que é honesto. O mundo é um lugar lindo.
Não adiantava me esgueirar por lugares que a água não alcançava. Na primeira rua que atravessei já estava encharcado.
Voltei pro meu trabalho com as meias fazendo "ploc, ploc, ploc" e os cabelos pingando. Fui até o banheiro, tirei a roupa. Não um banheiro compartilhado, e sim um daqueles individuais. Tentei secar um pouco minha camisa e a calça usando o ar quente do secador de mãos.Não adiantou muito, mas pelo menos não estava mais gelado. Joguei a água que estava dentro do sapato na pia e espremi minhas meias. Voltei para minha mesa descalço, rezando para ninguém me questionar. As pessoas não se olham muito por aqui, então ninguém me viu.
Deixei meu sapato e minhas meias no chão, do lado do gabinete do computador, em baixo da minha mesa. Fiquei com os pés descalços por toda a tarde.
Eram duas e pouco quando alguém ligou uma rádio jornalística.
- ...Obrigado Alana, -disse o locutor- Vale relembrar que o serviço de trens está cancelado e os principais terminais de ônibus estão alagados. Agora informações da zona oeste com Ricardo Duarte: duas árvores caíram na ligação leste-oeste, trancando completamente o trânsito...
Que merda.
As notícias sobre os desastres da chuva continuaram por mais meia hora. Aparentemente a cidade estava parada, alagada e muita gente já tinha morrido. Alguns pela queda de árvores, dois caíram no rio e uma meia dúzia com raios. Aquilo era assustador.
Então às três horas a internet parou. Alguns dos funcionários xingaram em voz alta por perderem arquivos não enviados. Eu voltei para meu serviço e ignorei os funcionários que terminavam o expediente mais cedo.
Eu deveria ter saído com eles quando tive chance.


Às quatro e meia da tarde a energia acabou. Só estavam no andar eu e mais seis funcionários. Dois deles disseram que estavam indo e simplesmente saíram. Sobraram cinco e eles decidiram esperar mais um pouco pra ver se a luz voltava ou a chuva parava. Eu dei uma volta no andar e encontrei uma janela que nunca tinha visto - de lá era possível ver a rua. As janelas do meu bloco mostravam apenas outros prédios.
A rua estava alagada. A água arrastava lentamente um carro que eu espero que estivesse vazio, porque ele logo tombou para o lado e em seguida ficou de cabeça pra baixo. Calculando pelo carro, a água tinha subido mais de um metro. 
Também vi os raios atingindo os prédios ao redor. Todos tinham para-raio, então estávamos salvos - disso, pelo menos. Eu estava com medo. Pensei em ligar para meus pais e dizer que eu estava bem - com medo, mas bem. Pensei em ligar para algum amigo... Mas quando peguei o celular, não tinha sinal. Mas que merda.
Anoiteceu bem rápido - mesmo que no horário de verão.
Ainda olhando para a janela, me assustei quando o primeiro granizo acertou o vidro. Quase caí pra trás, pra dizer a verdade. Eram algumas poucas pedras, mas faziam um som forte quando batiam no vidro. 
Mais um cara tinham ido embora e agora os quatro restantes estavam juntos, com um celular ligado provendo luz, sentados longe da janela. Então o vento começou...
O vidro estalava na parede e as paredes... elas faziam um barulho estranho. O prédio poderia cair e eu estava no 17º andar. Como homens podem ser tão estúpidos? Meu pequeno surto assustou os outros e nós descemos as escadas correndo. 
Um deles caiu e rolou alguns degraus. Usando a luz do celular percebemos que o raiz dele sangrava e ele gritava de dor segurando o braço. Ajudamos o cara a se levantar e meio que arrastamos ele pelo resto do caminho.
Estávamos no terceiro andar quando afundei meu sapato seco e um monte d'água. Ergui a luz do celular e percebi que estava tudo alagado. 
- Isso não é possível... É o TERCEIRO ANDAR! -disse um dos caras.
Era possível porque estava acontecendo e meu pé molhado era a prova disso. Recuei dois degraus e fiquei olhando pra água. Se tinha água no terceiro andar, como diabos eu ia sair do prédio?
As janelas. A resposta me veio antes de terminar as perguntas. 
Subimos de volta para o quinto andar e começamos a estudar a possibilidade de sair pela janela. A rua era um breu total e decidimos sacrificar um celular para nos certificarmos de onde estava a água. Tudo era possível. Talvez o celular se estatelasse no asfalto lá em baixo... 
Quando abrimos o vidro, um vento fortíssimo nos empurrou para trás. A chuva começou a entrar e eu fui me aproximando com o celular em mãos. O aplicativo de lanterna estava ativado, então eu parecia segurar uma bola de luz... 
Joguei a bola de luz para baixo e ela afundou alguns centímetros na água que estava há menos de dez metros de mim. Em seguida a bolinha de luz foi arrastada com uma velocidade incrível pela correnteza. Se pulássemos, a correnteza nos levaria. 
O prédio soltou um gemido do fundo de suas entranhas. Me encolhi sentindo o gosto da morte. Um dos caras começou a rezar em voz alta e o outro disse que Deus tinha prometido que não ia fazer mais isso. Eles acham que aquilo é o dilúvio. Talvez seja.
Subimos mais alguns andares ouvindo toda a estrutura do prédio pedindo socorro. Chegamos ao 13º andar e paramos. Estamos aqui agora. Estou escrevendo isso porque... Bem... Acho que vamos todos morrer.



642 coisas sobre as quais escrever - Meu terrível dia em Victoria (CA)

Lista completa em http://goo.gl/9KqNJm

75. Escreva uma ocasião em que alguém lhe arruinou completamente. Esforce-se para convencer o leitor de que você estava totalmente sem culpa nos eventos.
Vou escrever uma versão resumida dessa história porque ela é muito longa.

Certa vez quando eu estava no Canadá, fiz uma viagem para Victoria (2012). É uma cidade longe e que precisa pegar balsa pra ir. Beleza. Madruguei, peguei o ônibus da excursão e lá fiz dois abiguinhos. Um deles era alemão e a outra era brasileira. Quando você está viajando sozinho, fazer amigos é a coisa mais fácil do mundo - independente de culturas, língua ou qualquer coisa.
No meio do caminho fizemos amizade com mais duas pessoas - um deles era venezuelano e uma da china. Ficamos o dia todo juntos, indo pra cá, pra lá, comprando, vendo, etc... Não tinha nada no lugar. Tinha um hotel, umas lojas, lagos para todos os lados... Se quer uma dica: não vá pra Victoria. Gaste seu tempo com outra coisa.

^ essa foi a contextualização do fato..
Agora vamos à parte tensa.

No final da tarde estávamos com fome e dividimos o grupo porque cada um queria comer uma coisa diferente. Eu ia com a brasileira (por nível de afinidade), mas percebi que a chinesa estava indo pra um mercadinho meio suspeito. Falei: não vou deixar a menina ir lá sozinha, né? Não que eu tivesse medo que ela fosse sequestrada, e sim porque ela estava sozinha. Fiquei com dó.
Fui com ela. Comprei uns salgadinhos sabor bacon - porque além de tudo o mercado era chinês e estava tudo escrito em... chinês! é por isso que a maldita queria ir lá.
Enfim... Bacon era uma comida segura.
Saímos do mercado e cadê a galera? Segundo ela, deveríamos esperar em uma esquina x. Eu não me lembrava de discutir um possível ponto de encontro, mas... Ok. Passou um tempo, começou a ficar escuro e eu pedi pra menina ligar pro guia. Ela ligou e dizia "ok, ok, ok... ok". Desligou e me disse que era mesmo pra esperar naquela esquina.
Pois esperamos...
20 minutos depois pedi pra ela ligar outra vez. Os "ok, ok" se repetiram. Fiquei meio cismada, né... Já estava de noite e nada de ninguém aparecer. Então eu perguntei pra ela o que o guia tinha dito. Ela vai lá e diz: Eu não sei o que ele disse.
PQP. NÃO PODE SER.
peguei o celular da mão dela e eu mesma liguei pro cara. Eis que ele dá um berro: SE VOCÊS NÃO ESTIVEREM AQUI EM 10 MINUTOS, VÃO FICAR PRA TRÁS.
HOLLY. FUCKING. SHIT. RUN FORREST, RUN!!!!
Saí correndo e a chinesa me seguiu. Estava de noite e estávamos bem longe do ônibus... Corri como o vento naquele dia.
Resumo da ópera: a menina caiu no meio do caminho, eu achei que ela tinha morrido (não morreu) e chegamos nos últimos segundos no ônibus. QUASE ficamos pra trás!
Aí eu te pergunto: se a bitch não estava entendendo, POR QUE É QUE DIZIA "OK"?????


76. Escreva sobre o mesmo evento anterior coma intenção de convencer o leitor de que você estava totalmente com a culpa. Qual visão da história é mais convincente?
rly??
okay
[...]
No final da tarde estávamos com fome e dividimos o grupo porque cada um queria comer uma coisa. Eu ia com a brasileira, mas percebi que a chinesa estava indo pra um mercadinho meio suspeito. Falei: não vou deixar a menina ir lá sozinha, né? Mas o fato é que eu deveria ter impedido a menina.. Mesmo que o canadá seja a paz em forma de país e sociedade, não se deve entrar em mercadinhos suspeitos.
Então nós saímos e não sabíamos onde estava o resto do grupo. Na minha cabeça, tínhamos que ir pro ônibus. Mas eu não tinha certeza, então fiquei quieta. Esperamos algum tempo e então pedi que a chinesa ligasse para o guia. Eu falava inglês bem melhor que ela (verdade seja dita) e deveria ter EU MESMA falado com o guia. Por que eu pensei que ela conseguiria?
Mesmo assim eu não disse nada... Tola! Depois de tantos "ok", era mais que óbvio que algo estava errada. Não existe conversas feitas de "ok"!!! Só mostrei iniciativa depois da segunda ligação. Em vez de avisá-la decentemente para onde estávamos indo, eu simplesmente corri. No meio do caminho a coitada tropeçou na guia e se estatelou no chão feito um bolinho de arroz. PÁ. Eu voltei alguns passos e puxei ela pelo braço como se fosse um saco de feijão.. Eu sou um ser humano terrível.
No final chegamos nos últimos instantes e ainda fomos vaiadas. Minha culpa, of course.

Qual versão é mais convincente?
Baaah! a credibilidade dessa segunda história acaba no "Mesmo que o canadá seja a paz em forma de país e sociedade, não se deve entrar em mercadinhos suspeitos". É o CANADÁ! Você pode entrar na última porta do corredor de uma casa assombrada, você pode aceitar caronas de gente estranha, tudo é de boa lá

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

642 coisas sobre as quais escrever 72 73 74

Lista completa em http://goo.gl/9KqNJm

72. Qual é o pior pesadelo que você consegue se lembrar?
Eu estava pescando com meu pai. Estávamos só nós dois em um barquinho no meio de uma imensa lagoa. O dia estava bonito, mas não estávamos puxando nenhum peixe. Então eu disse pra ele que ia buscar alguma coisa na margem (sei lá o que era), pulei na água e saí nadando.
Isso não faz sentido, mas né... Sonhos.
No meio do caminho parei e olhei para trás. Meu pai estava sentado pescando e atrás dele um homem estava de pé e apontando a arma para a cabeça do meu pai. Se eu gritasse, meu pai reagiria e acabaria levando um tiro... Então afundei para dentro da água e comecei a nadar o mais rápido possível em direção ao barquinho.
Não saí para respirar nenhuma vez. Com os olhos abertos, vi o casco do barco e nadei com toda a força para cima. O plano era derrubar os dois na água, mas um segundo antes de tocar o barquinho, ouvi o som do tiro.
Acordei.

Esse pesadelo foi o primeiro que me veio à mente.
Na época eu era uma criança-peixe e nadava como gente grande.

73. Crie um(a) amigo(a) imaginário(a) (humano ou não).
Acho que para criar um amigo imaginário eu precisaria de mais tempo e... espaço. Não é algo para ser colocado em palavras aqui. Pensarei nisso.
--
Desde que me conheço por gente gosto de animais. Dos pequenos roedores aos grandes equinos... E durantes muitos anos de minha vida não tive cachorro. Antes dos sete anos eu criei um cão imaginário e brincava com ele... Mas não deixava ninguém me ver "falando" com o cachorro porque sabia que ele não existia. Não sei quais eram as características do cão, mas ele era de porte médio.
Quando ganhei meu primeiro cachorro (sdds Clara), abandonei esse cão imaginário.

74. Uma sabedoria que vocẽ aprendeu com o(a) seu/sua filho(a).
Não tenho filhos (e nem pretendo tê-los tão cedo).

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

642 coisas sobre as quais escrever 71 - Disney

(Perdoem-me pela ausência. Tudo culpa das férias, PewDiePie e de um futuro-possível-maaaybe-livro-que-estou-escrevendo. For the first time in forever eu escrevo uma história até o final sem odiá-la. Ela revive minhas esperanças de publicação)

71. Sua primeira vez em um país estrangeiro.



Sim, eu que tirei essa foto. 

Sei que isso soa como uma patricinha, mas.... DISNEEEEEEEY!
I mean... EUA!

Então... Eu tinha 14 anos e não queria uma festa de aniversário (chata since 1995). Daí que na época fazia inglês na Wizard e uma companhia de turismo foi lá fazer nossa cabeça para a viagem.

Quem chegou nesse post pesquisando sobre a Disney, fica aí minha sugestão: http://www.bil.com.br/turismo.php
A Bill foi responsável pela minha viagem à Disney e pelo intercâmdio de um mês no Canadá (fica também a dica do meu diário de intercâmbio no Youtubs: Manual de Sobrevivência ao Canadá).

Enfim.
Gostei da ideia, meus pais toparam e lá fui eu. Fiquei em um hotel dentro do complexo Disney dividindo quarto com outras três meninas (porque quartos quádruplos são bem - mais - baratos). Admito que no início isso foi meio assustador saber que eu iria dividir uma cama com uma guria desconhecida. Pensei com meus botões: vou ficar amiga de uma das três o mais rápido possível.
No dia do embarque meus pais me levaram para o aeroporto e lá estavam as guias com umas placas enormes e um grupo de adolescentes usando roupas amarelas. O pessoal da empresa deu três camisetas do grupo e precisávamos usar sempre (acredite: fica bem mais fácil encontrar quem se perdeu quando as camisetas são uniformes).
Bom... Logo já encontrei uma das gurias que ia dividir quarto comigo e colei nela. Era uma menina calma, tranquila, a paz de Deus no coração...
Embarquei logo depois da minha mãe quase chorar no aeroporto (hu3). Estava na maior galera, todo mundo se conhecendo... Então eu não liguei muito para a partida.
Algumas horinhas depois estávamos em solo americano.

Quando eu voltei para o Brasil, fiz um pequeno post com um "diário" que tinha feito durante a viagem. É bem simples, mas taí: http://panicopsicotico.blogspot.com.br/2010/07/ah-voltei.html

Depois fiz um post com pequenas dicas de viagem. Também é simples, mas taí: http://panicopsicotico.blogspot.com.br/2010/09/conselhos-de-viagem-para-disney.html


Também é uma foto minha


Bom... Pra quem está procurando um destino inesquecível: Disney.

A dica suprema é: Disney não é só para crianças. Há diferentes perfis dentro do mesmo parque. A criançada vai pirar em tirar fotos com o Peter Pan, A Bella e a Ariel. Os adultos vão pirar com as montanhas russas e brinquedos que fazem o estômago gelar. Se você quer ir, VÁ. Idade não importa na Disney.

A dica suprema para seus pais te apoiarem é: a Disney pode ser um passeio, mas você tem contato com o exterior. Eu fiz duas viagens (como já disse no começo) e acho que a Disney foi um bom começo. Fui sem meus pais, mas com um grupo e adultos responsáveis. Lá dentro eu era livre e tinha responsabilidades (horários, dinheiro, etc), mas teria alguém para me procurar se eu me perdesse.
Quando fui para o Canadá, fui completamente sozinha. Não tinha um grupo, não tinha responsáveis, não-tinha-ninguém. Se eu perdesse meu voo, o problema era meu. Se eu me perdesse em Vancouver, o problema era meu.
Eu vejo que as pessoas ficam muito nervosas no que diz respeito ao exterior. Aconselho que você fale um pouco da língua do lugar, mas não precisa ser O FLUENTE. Saber explicar, ainda que com algumas palavras e muita mímica, faz parte do show.
Teve uma vez na Disney que eu comprei uma Coca Cola e queria canudo. No momento em que fui dizer a palavra canudo, descobri que não sabia como era. Olhei pros amiguinhos que estavam atrás e perguntei se alguém sabia... Eu era a que falava melhor do grupo, então ninguém soube. Imagine como é fazer mímica de um canudo. O cara riu e me entregou um maldito straw.
Essa coisa de "saber se virar" é difícil no começo de qualquer contato no exterior (falo por experiência de América do Norte e América Latina). Se você tem esse "apoio" anterior, com um grupo de brasileiros, guias e roteiro fixado; tudo fica mais fácil depois, quando estiver pegando metrô e cantando mentalmente "all by myself". 

Mas vai um aviso:
Quem vai pro exterior nunca mais vê o Brasil do mesmo jeito.
Quem vai não quer voltar,
E se volta, quer sair.