segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A diferença entre segunda e quinta-feira

Ao contrário do que diz a lenda popular, não sou daquelas que se priva de comer determinadas coisas porque "engordam". Estou pouco me lixando para coisas que engordam ou não. Como meu x-bacon acompanhado de batata frita e uma coca-cola de 600ml. E se o dinheiro estiver no bolso, ainda tomo um sorvete de chocolate. 
Mas não se engane pensando que não gosto de vegetais e frutas. Amo brócolis e espinafre, bife e frango grelhados, arroz integral e gergelim. Ah sim. 

Minha vida atualmente anda um tanto quanto "puxada". Não digo agitada porque sou ditada por uma rotina que consome minha alma todos os dias. O cansaço é constante, às vezes fisicamente, às vezes mentalmente. Uma velha chata, com péssimo humor e com tendências à ignorância. 
Vejo gente segurando a porta do metrô e -delicadamente- as empurro para o abismo de almas da plataforma. Peço licença para passar em alto e bom som, mas se as pessoas não se mexem, eu simplesmente passo. 
É uma brutalidade delicada, se isso for possível. Não me irrito com essas coisas. Não vou para casa pensando nisso... Faço e, segundos depois, já esqueci. Seria um tipo de humano rebótico, não? O que nos torna humanos unido ao que não nos torna humanos. E quem foi que disse que o "domínio das máquinas sobre os humanos" seria como no Exterminador do Futuro? Talvez sejam esses novos humanos: robóticos e automáticos.

Aprendemos a viver nesse ritmo, matando para não ser morto, sendo censurado por si mesmo para não criar intrigas com o chefe ou nas redes sociais. Fazer comentários sarcásticos é o pico de adrenalina que o dia pode oferecer: "e se perceberem que estou sendo irônica?". É um sentimento miseravelmente agradável, como passar a mão rapidamente sobre a chama de uma vela. Você SABE até onde pode ir, sabe que pode recuar se for necessário... Mas é, e sempre será, uma diversão para dias noites escuras.

Existem noites que são mais escuras que outras, ou talvez apenas momentos. Os olhos se acostumam com a escuridão, e chamo esses momentos de "quinta-feira" (sexta não se inclui porque sexta é dia de bobeira). Aceitando um destino murcho, com realizações miúdas... Aceitação, simplesmente. 

Há alguns anos, com meu espírito pseudo-pseudo-pseudo-revolucionária, considerava que a aceitação era o caminho mais pobre e triste que alguém poderia seguir. Questionar sempre foi mais que um mantra, mais que um desejo: era uma forma de vida. Hoje em dia, chamo esses dias de "segunda-feira".

Nas segundas, não quero continuar como estou. Não quero estar presa em um escritório sem janelas (sim), sem sinal 3G e gastando o horário de almoço com sonecas. Segunda-feira me revolta comigo mesma, com o mundo, com as pessoas... É um dia, de certo modo, bom. Em dias assim quero começar uma dieta saudável, procurar um lugar com almoço bom e barato, comer frango em vez de coxinha e tomar suco em vez de coca. 
Estou descansada, com a cabeça cheia de ideias e pensando como uma pseudo-revolucionária (menos pseudo que antes e mais narcisista - talvez). Mas quinta-feira me aguarda como uma manta quente em um dia frio. Cansa, dá sono, preguiça... Vontade de se acomodar no sofá e deixar a tv ligada em qualquer canal. 


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

642 coisas sobre as quais escrever #6

Cinco coisas que você vê do lado de fora da janela mais próxima.

Bela benção dos deuses, estou de férias do trabalho. Desde que comecei a trabalhar (no começo do ano passado), eu não tirei férias dignas. No ano novo precisei pagar para tirar uma semana de férias. Explicando de uma maneira mais prática, trabalhei 15 dias de graça, pois os outros 15 dias foram muito bem pagos a uma segunda pessoa.
É engraçado pensar que terceirizei meu próprio serviço.

O fato é que estou em casa, bem humorada e bem disposta.
Estou na sala do apartamento alugado, porque há mais de um ano precisei abandonar minha bela casa. Do lado de fora vejo uma avenida bastante movimentada, próxima à uma via importante da capital e a um dos metrôs da linha vermelha.
Antigamente eu morava perto de uma avenida, mas não via nada da janela. A janela do meu quarto dava exatamente para a janela do vizinho, de modo que era impossível andar pela casa ~a vontade~.
Agora não. Moro no alto e só tenho vizinhos de parede.

Do lado de fora também consigo ver o jardim do prédio do lado. É um jardim bem maior que o do meu prédio e tenho a impressão de que os moradores aproveitam o gramado. Aos finais de semana é comum ouvir crianças ensandecidas com brincadeiras que eu, uma jovem-velha de 18 anos, não conheci.
Nunca brinquei na rua. Talvez seja por isso que eu seja assim tão... chata.

Vejo muitos outros prédios, pra falar a verdade. O horizonte é cheio deles. Com a falta de espaço, a cidade cresce para cima. É triste, mas poético. Todas essas pessoas vivendo em espaços pequenos, mal tendo tempo pra perceber o quanto suas vidas são depressivas.

Vejo o céu negro com algumas poucas nuvens claras. Chuviscou um pouco há algumas horas, aliviando o calor infernal desse país. De vez em quando um pontinho vermelho e piscante passa voando lentamente. Não TÃO de vez em quando, visto que é uma rota comum de aviões. Fico pensando se os outros Estados têm tantos aviões. É provável que não.
[disse a paulista egocêntrica]

Por dúvidas sobre o que mais escrevi, fui olhar pela janela e me deparei com um senhor fazendo o mesmo, no prédio ao lado. Olhando para baixo, silencioso, talvez tomando um ar ou simplesmente fazendo listas da internet.