Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vai se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
O filme Matrix faz uma metáfora deste mito. Na história, máquinas com inteligência artificial controlam o mundo e os seres humanos são suas fontes de energia. As máquinas criam uma realidade simulada, chamada de Matrix, onde aquelas pessoas, que estão na verdade dormindo, vivem e acreditam ser o mundo real, o lugar que todos os seres humanos sempre viveram livremente e levaram suas vidas.
Essa realidade simulada é o nosso –suposto─ mundo real; com seus milhões de habitantes, seus sistemas políticos e personalidades individuais.
Contudo, existe um grupo de pessoas que conseguiu sobreviver e isolar-se em uma cidade chamada Zion, onde puderam construir naves e também terem acesso a Matrix através de programas de computador.
Morpheus é orientado pelo Oráculo (que é uma falha do próprio sistema) que ele encontraria o escolhido, que libertaria toda a Humanidade de sua “ignorância”.
Obviamente as máquinas, tendo consciência da missão de Morpheus, enviam os Agentes; que são basicamente programas encarregados de certas missões ─ que no caso envolvem o Escolhido.
Neste ponto se dá a cena mais marcante do filme, no qual Morpheus questiona Neo (o suposto escolhido) sobre a realidade em que ele vive (ou seja: a realidade criada pelas máquinas) e dá duas opções ao Escolhido: A pílula azul que faria com que ele esquecesse tudo aquilo; e a pílula vermelha, que o faria ver a realidade como ela é.
Neo escolhe a pílula vermelha, e com isso ele nasce no mundo real, onde encontra-se em meio a uma guerra entre humanos e máquinas.
Fica muito claro que a trilogia foi inspirada na ideia de Sócrates, e nos faz questionar (novamente, para alguns), se a realidade que pensamos ser real, é DE FATO real.
Não estamos numa caverna e nem mesmo numa realidade simulada por máquinas, porque são duas metáforas. Mas... Metáforas para o quê? Será que não têm um fundo realmente concreto? Será que nós, seres humanos, não somos tão ignorantes como os homens presos nas cavernas?
Só temos a noção de que eles são ignorantes porque nós estamos do lado de fora, mas... Será que temos alguém fora da nossa realidade?
Sem o conhecimento, não nos sobra muita coisa.
Se não tivermos certeza nem de nossa realidade, das coisas que podemos ver e sentir; como vamos ter certeza de algo?
“Só sei que nada sei” ─ Diria Sócrates às estas perguntas.
Mas na verdade, todos nós deveríamos pensar desta maneira. Aceitando a incerteza de absolutamente tudo, abrimos as portas para novos mundos e novas realidades. Realidades que num primeiro momento podem parecer absurdas
São perguntas que SE um dia forem respondidas, serão quase impossíveis de serem compartilhadas com as outras pessoas. Assim como no Mito da Caverna, a maioria não está preparada para receber informações sobre a realidade.
As pessoas se acostumaram à ignorância e à comodidade de não precisar pensar. Se apresentarmos uma nova ideia, que coloque as antigas aos pedaços, seremos mortos ─ talvez literalmente─, ou talvez nos internem em hospitais psiquiátricos.
Vish.... fiz esse trabalho ano passado fizemos uma representação ( fui um carinha da caverna ), achei a comparação perfeita, me mostrou alguns pontos que ainda não tinha 'filosofado' tirando os outros que já são perceptíveis com o trabalho... Mas acho que são poucos que mesmo ouvindo isso não se deixam entrar/ficar na caverna ( o homem praticamente nasce lá )...
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